Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

30 de março de 2009

Um vírus incorporado no genoma, é um vírus?


A vespa parasita Cotesia preparando-se para depositar os seus ovos na lagarta Manduca caterpillar

O que é um vírus? Alguns científicos repensam a pergunta agora, devido a um trabalho apresentado por Donald Stoltz, professor de microbiologia e imunologia na Universidade Dalhousie em Halifax, Nova Escócia, Canadá, e James Whitfield, professor de entomologia na Universidade de Illinois, no que falam das diferentes maneiras nas que os vírus operam dentro e entre os organismos com os que interactuam, demonstrando novos tipos de relações.

A interacção entre uma vespa parasita, uma lagarta parasitada, e um vírus que passa de uma à outra, criou uma nova série de questões sobre a definição de vírus.

Este análise baseia-se nos resultados também recentes de um estudo dirigido desde a Universidade François Rabelais, em Tours, França, no que se comprovou que os genes que codificam o vírus que ajuda à vespa a parasitar de maneira eficaz às lagartas, existem também nos cromossomas das vespas. Estes genes, relacionados com os de outros vírus conhecidos, são uma parte indivisível da herança genética das vespas, sendo por isso transmitidos de uma geração de vespas à seguinte.

O mais assombroso sobre estes vírus é que o organismo no que se encontram incorporados no seu ADN os seus genes não é o mesmo organismo sobre o que tais genes actuarão. Desta maneira, é como se o vírus tivesse dois organismos receptores, mesmo sem que o vírus siga em nenhum deles um ciclo de vida completo: O vírus beneficia à vespa e depende dela para a sua própria sobrevivência, sugerindo com isso um género de mutualismo obrigatório que é pouco comum nos vírus. Ainda, nenhum deles poderia viver sem a lagarta.

Há mais de 40 anos que a comunidade científica sabe que algumas espécies de vespas parasitas injectam vírus deste género nas cavidades corporais das lagartas ao mesmo tempo que depositam os seus ovos nestas.

Como estes vírus se converteram numa parte essencial do genoma das vespas, alguns investigadores sugeriram que não devem seguir sendo considerados como tais. Os estudos futuros que se realizem na linha de investigação seguida por este recente análise poderiam ajudar a responder de maneira concludente a questão sobre se é correcta a maneira de definir os vírus.

A relação estreita entre varias espécies, mais conhecida com bactérias, não era até agora aplicada aos vírus. Mas não podemos esquecer a importante função que muitos destes minúsculos seres realizam, como a degradação da celulosa pelos ruminantes (são bactérias, fungos e protozoos, não os herbívoros, quem a realiza), ou, no caso extremo (e de fusão absoluta), os produtores de energia por excelência dos seres vivos eucariotas: as mitocondrias, antigas bactérias segundo as actuais teorias.

Por tanto, não devemos desprezar os seres microscópicos, nem esquecer que os prejudiciais para nos são uma parte ínfima das espécies existentes, e que são, geralmente, muito mais antigos, e eficientes, do que nos.



28 de março de 2009

O fóssil impossível: Polvo do Cretácico, com tinta e ventosas


Keuppia levante, uma das novas especies descobertas

Novos descobrimentos de fósseis com 95 milhões de anos, demonstram que a origem dos modernos polvos é muito anterior ao que se pensava. Estes fósseis são muito pouco frequentes, uma vez que as possibilidades de que o corpo do polvo, uma vez morto, dure o suficiente como para que fossilize são muito remotas, devido às características naturais do corpo.

Os polvos, animal bem conhecido, não possuem esqueleto interno bem desenvolvido, o que lhes permite deslizar-se por espaços que um vertebrado não poderia. Mas é isto mesmo o que praticamente impede a fossilização do seu corpo, e o que faz muito mais difíceis as investigações evolutivas sobre os mesmos.

O seu corpo está composto praticamente na sua totalidade pela pele e os músculos, pelo que quando morre se degrada rapidamente, convertendo-se numa massa gelatinosa da que em poucos dias não ficará absolutamente nada, mesmo sem contar com os animais que comem os corpos mortos. De facto, nenhuma de entre as 200 e 300 espécies de polvos que se conhecem foi encontrada fossilizada. Até agora.

Um grupo de paleontólogos identificou recentemente três novas espécies de polvo fósseis, descobertas em rochas do Cretácico no Líbano. As cinco amostras, que se descrevem no último número da revista Palaeontology, têm 95 milhões de anos, mas, surpreendentemente, preservam os seus oito tentáculos, com pegadas dos músculos e as características filas de ventosas. Inclusive algumas amostras apresentam os rastos da tinta e das brânquias internas. Estes são fósseis sensacionais, extraordinariamente bem conservados, afirma Dirk Fuchs da Universidade Freie de Berlim, autor principal do relatório. Mas o que mais surpreendeu aos científicos é as semelhanças que há entre estes fósseis e os exemplares modernos: Estas coisas têm 95 milhões de anos, e no entanto um dos fósseis é quase indistinguível de espécies vivas.

Isto proporciona importante informação evolutiva. Os parentes mais primitivos dos polvos tinham barbatanas carnudas ao longo dos seus corpos. Os novos fósseis estão tão bem conservados que se verifica que, tal como os actuais polvos, não tinham essas estruturas. Isto empurra as origens do polvo moderno umas dezenas de milhões de anos para trás, e mesmo isto sendo cientificamente importante, tal vez o mais notável em relação a estes fósseis é que, simplesmente, existem.

Ver mais em sci-tech.

27 de março de 2009

OnLive: Xbox, Wii e PlayStation ficaram antigas?


Microconsola OnLive e o seu comando sem fios

Durante a GDC (Game Developers Conference) deste ano, que acaba hoje, apresentou-se com grande impacto um novo sistema de videojogos, OnLive, que poderia revolucionar totalmente a industria: A ideia é implementar os videojogos on-line e on-demand.

Segundo o fundador da empresa, Steve Perlman, OnLive é o sistema de videojogos mais poderoso do mundo, sem consolas, sem necessidade de comprar actualizações ou downloads intermináveis da internet, sem discos ou o perigo de que o sistema fique velho. Com OnLive a experiência do jogador é sempre de alto nível.

Precisamente o sistema baseia-se numa nova tecnologia de compressão de ficheiros, que permite que os jogos sejam executados directamente em servidores, remotamente, e não no PC local.

Por este motivo, não é necessário tão sequer um computador. Criaram uma microconsola que se liga à rede (sim é necessária uma ligação de banda larga), e a um PC, ou a um Mac, ou, inclusive, a uma televisão.

A empresa promete proporcionar os últimos títulos em jogos, e até agora já assinou acordos com 9 empresas de desenvolvimento de jogos, algumas delas tão prestigiosas como Ubisoft, Electronic Arts, THQ e Atari Interactive.

Os jornalistas, cépticos de início, em boa medida acabaram por aceitar que pode ser um passo revolucionário, que realmente funciona.

Mas, se de facto se implementa e tem o êxito indiciado, será isto o fim da Sony, da Microsoft e da Nintendo como produtores de consolas? A ver vamos.

A conferência de imprensa de OnLive na GDC, em inglês, está recolhida no vídeo a continuação:


25 de março de 2009

O urso polar em perigo de extinção


Urso polar: Em perigo de extinção por causa da mudança climática

O urso polar (Ursus aritimus), ou urso branco, encontra-se em perigo de extinção, devido ao aquecimento global, que afecta ao seu ecossistema, uma vez que ao derreter antes as zonas nas que caça (até 3 semanas antes do que há umas décadas), não conseguem armazenar suficiente gordura corporal para passar adequadamente o verão, o que faz que as fêmeas sejam menos férteis.

Há que referir que, desde o parto, a fêmea passa meses sem comer e amamentando à cria, o que justifica a falta de fertilidade se não conseguiu obter a gordura necessária.

E como estes animais acasalam entre Abril e Maio, mas os óvulos não são fertilizados até Setembro (implantação diferida), acontecem muitos casos de fêmeas que acasalaram mas depois não ficam fertilizadas, tendo alcançado em poucas décadas uma diminuição da taxa de natalidade do 15%.

Na última lista dos 10 principais animais em perigo de extinção por causa da mudança climática, publicada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em português aqui), o urso polar ocupa o primeiro lugar da lista, e indicam que, se a mudança climática continua o seu curso actual, a espécie vai desaparecer de aqui a 75 anos.

Este urso, rei do Ártico, é um carnívoro que caça e se alimenta de todo tipo de animais do seu entorno, excepto raposas e lobos, e ocasionalmente chegou a atacar animais domésticos em povoações.

Mesmo que seja raro o ataque ao homem (e esses casos correspondem quase todos a animais feridos previamente pelo próprio homem), até uns anos atrás a sua caça massiva, inclusive desde barcos e helicópteros, fez diminuir tanto o seu número que passou a espécie em perigo de extinção, pelo que se proibiu a sua caça.

Mas agora parece que volta a situar-se na mesma posição por diferente motivo.

24 de março de 2009

Sexto sentido: Vestir um computador


Pattie Maes, professora do MIT, apresenta o "Sexto sentido"

Novo conceito de computação, nunca visto até agora. A professora Pattie Maes, do MIT,  apresentou recentemente o "Sexto Sentido", um computador que se pode levar vestido, e um sistema de computação fora de tudo o visto até agora. Podem apreciar no vídeo a seguir:



Noticia lida em TechBuzz

23 de março de 2009

Células solares imprimíveis, flexíveis e baratas


Impressão de células solares em polímeros

Estão-se a desenvolver novas células solares, plásticas, imprimíveis, flexíveis e baratas, fabricadas em rolos. Pretende-se que estas células se possam imprimir sobre polímeros, de maneira semelhante à impressão de notas.

Neste momento há uma empresa, Securency International, especializada na impressão de dinheiro, que está a desenvolver provas de impressão com estas células solares.

A ideia é produzi-las em massa, fazendo-as mais baratas, e depois instala-las em telhados de edifícios e outras superfícies amplas.

Ainda se está a desenvolver esta tecnologia (o projecto encontra-se agora a meio do caminho, aproximadamente), mas as perspectivas são muito boas, e espera-se que se possam instalar painéis impressos em telhados, experimentalmente, num curto espaço de tempo. De facto, as provas de impressão já começaram, 6 meses antes da previsão.

Este projecto está a ser desenvolvido por um consórcio, VICOSC, no que se juntam universidades e industria, havendo investigadores da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), da universidade de Melbourne, da universidade de Monash, e das empresas Securency, BP Solar, Bluescope Steel e Merck.

Este tipo de união, sempre desejável, vem a reforçar a indicação de que a indústria o considera viável, e não uma hipótese remota.

Se o desenvolvimento for o previsto, esta investigação poderia levar à industria Australiana a liderar nos componentes electrónicos imprimíveis, uma tecnologia à que se prevê um brilhante futuro.

Ver mais em Scitech News

21 de março de 2009

Evolução das plantas: Revêem mil milhões de anos


Calliarthron cheilosporioides, uma alga vermelha com lignina

As plantas erguem-se, na terra firme, graças (entre outras substâncias) à lignina. As algas não precisam dela, nem a têm (ou isso se julgava), porque se apoiam na água para se suster. A lignina é um componente principal da madeira, é como uma cola que ajuda a fortificar as paredes celulares, e é essencial para o transporte da água em muitas plantas terrestres.

Por tanto, o aparecimento da lignina deveria ser um dos factores cruciais para a colonização da terra firme pelas plantas. Mas agora descobriu-se uma alga marinha com lignina: a Calliarthron cheilosporioides, uma alga vermelha, possui esta substância nas suas paredes celulares.

Todas as plantas terrestres evoluíram a partir das algas verdes, e os científicos sempre acreditaram que a lignina tinha aparecido quando as plantas começaram a colonizar a terra, como um mecanismo de adaptação para estabilizar o crescimento vertical e para assegurar o transporte de água desde as raízes.

Como provavelmente as algas verdes e vermelhas divergiram há mais de mil milhões de anos, o descobrimento de lignina numa alga vermelha sugere que a maquinaria básica para produzir lignina pôde ter existido muito antes de que as algas colonizassem a terra, pelo que investigam agora quais outras funções poderá desenvolver esta substancia nas algas.

A hipótese de que se tivesse desenvolvido a lignina por separado em diferentes momentos nas algas verdes e nas vermelhas foi rejeitada pelos investigadores, devido à complexidade das rotas metabólicas, os genes e os enzimas implicados na elaboração desta substância.

Este estudo foi efectuado por especialistas da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e da Universidade de Stanford, Estados Unidos, entre outros, sendo o seu autor principal Patrick Martone, e foi publicado na revista Current Biology.

Ver mais em Scitech News

19 de março de 2009

Golfinhos: Navegação por sonar em estéreo


Golfinhos, belugas e cachalotes têm sonar. E em duplicado.

Os biólogos há já muito tempo que sabem que os odontoceti, ou baleias com dentes, um grupo que inclui os cachalotes, belugas ou baleias brancas e golfinhos, navegam e caçam utilizando um sonar.

Até há pouco, os biólogos achavam que o sonar que utilizavam era como um par de faróis: trabalharia na direcção à que estivesse dirigida a cabeça. Mas em 2008, Patrick Moore, do Space and Naval Warfare Systems Command, um centro de investigação da marinha dos Estados Unidos em San Diego, Califórnia, junto com alguns colegas, descobriram que os golfinhos-comuns (Tursiops truncatus , o Flipper da serie de TV) podem varrer por ecolocalização uns 20º para qualquer um dos lados sem mexer a cabeça, mesmo que não pudessem determinar como conseguiam faze-lo.

A teoria agora desenvolvida postula que estes animais produzem dois sons, separados por um pequeno intervalo de tempo, o que lhes devolveria frequências diferentes para diferentes localizações espaciais, por causa das interferências nas ondas de som.

Assim, segundo o biólogo marinho Marc Lammers, do Hawaii Institute of Marine Biology da universidade do Hawaii, Kaneohe, os golfinhos e os seus parentes próximos poderiam utilizar o som para navegar direccionando o seu sonar mediante a fusão de dois pulsos conjuntos. É o equivalente acústico de mexer os olhos sem mexer a cabeça, indica o biólogo. 

Reforçando esta teoria, vai ser publicado um estudo neste verão, em Biology Letters. Este estudo, de Lammers e Manuel Castellote, do L'Oceanogràfic aquarium de Valencia, España, demonstra, colocando vários hidrófonos numa piscina com uma beluga, que ela emite dois pulsos de sonar, em intervalos de menos de um segundo de separação.

Os estudos anatómicos já tinham revelado que os odontoceti têm dois geradores de som ou lábios fónicos, como os baptizaram, mas não se sabia se os usavam alternativamente ou em simultâneo. Agora chegou a resposta: usam-nos consecutivamente, o que lhes permite ampliar a zona explorada.

Lammers especula também que os golfinhos desenvolveram esta capacidade de dirigir os seus pulsos sónicos como uma forma de ampliar o seu campo de visão acústico: Muitos dos golfinhos não podem mexer o pescoço, diz, e este sentido poderia lhes permitir “olhar” sem ter que reorientar os seus corpos inteiros

Lee Miller, um grande conhecedor dos biosonares da University of Southern Denmark, diz também que a orientação do feixe pode ser exclusiva das baleias dentadas. Os morcegos, que também utilizam o sonar para se orientarem, não deveriam estar em condições de faze-lo, diz, porque só têm um gerador de som: as suas cordas vocais.

Ver mais em Science.

18 de março de 2009

Existe vida fora da Terra


Encontraram-se 3 novas espécies na troposfera

Uma experiência realizada por científicos da prestigiosa Indian Space Research Organisation (ISRO), teve um surpreendente resultado: encontrou-se vida fora da crosta terrestre.

O objectivo pretendido era pôr em órbita um balão de 784 milhões de litros, que continha 459 kg. de carga útil (16 sondas de aço inoxidável esterilizadas para obtenção e crio-conservação de amostras) e 38 kg. de néon líquido (para manter congeladas as amostras).

Este balão devia recolher amostras em diferentes altitudes, entre 20 e 41 Km., introduzi-las consecutivamente nas sondas esterilizadas e congeladas, e lançar as amostras de paraquedas.
Estas foram analisadas posteriormente no Centre for Cellular and Molecular Biology (CCMB) em Hyderabad, e no National Centre for Cell Sciences (NCCS), em Pune.

E o extraordinário resultado foi descobrir 12 espécies de bactérias e 6 de fungos, sendo que 3 das espécies de bactérias são totalmente desconhecidas, novas espécies, e apresentam a característica de ser extremamente resistentes à radiação ultravioleta, o que poderia indicar uma adaptação ao meio, fazendo pensar que a estratosfera é o seu meio natural.

Assim, não se poderia falar exactamente de vida extraterrestre, mas sim de vida na estratosfera, donde se pensava que já não devia existir, ou que, se houvesse, seria muito residual.

Baptizaram-nas Janibacter hoylei, como homenagem ao astrofísico Fred Hoyle, Bacillus isronensis, como forma de reconhecimento ao trabalho do ISRO, e Bacillus aryabhata, como homenagem ao astrónomo indiano Aryabhata e também ao homónimo primeiro satélite do ISRO.

Apesar da euforia inicial, os científicos não proclamam o descobrimento de vida extraterrestre, mas mais modestamente preferem dizer que este descobrimento é um estímulo para continuar este tipo de investigações.

Mais informação em Ojo Científico.


17 de março de 2009

A Robô Fashion


HRP-4C - A robô mais fashion, vai desfilar próximamente no Japão

Os avanços da tecnologia não deixam de nos surpreender. E, na robótica, os japoneses são já há muito tempo os que vão à frente.

Vai ser apresentada no Tokio Fashion Show uma robô, que deve desfilar sozinha. Mas, para além de andar, esta boneca cibernética pode mudar as suas expressões faciais, o que é provavelmente o maior avanço conseguido com ela.

Os investigadores do Instituto Nacional Japonês de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada decidiram apresentar o protótipo, ao que chamaram HRP-4C, como se fosse uma modelo, e para isso fizeram-no com formato de mulher, que parece vestida com uma espécie de fato espacial, em preto e prata, y com a forma e o peso aproximado de uma mulher japonesa média (1,5 metros e 43 quilogramas, aproximadamente).

Escolheram para a cara seguir os modelos dos clássicos desenhos manga, porque achavam que se a fizessem com feições mais humanas poderia até ser rejeitada de alguma maneira pelo público, por ficar parecida demais com as pessoas.

No entanto, esta robô não pode realizar outras funções, foi concebida para ter aspecto humano, fazer movimentos, andar e mudar as expressões faciais. E para isso precisa de 42 motores repartidos pelo corpo.

Representa mais uma fase no desenvolvimento robótico, a de aperfeiçoar o humanismo destes aparelhos. O que pode acabar, se a apple entra neste negócio, com uma espécie de barbie de 1,80 metros, loira e de lábios sensuais. Mas por enquanto é assim como se vê.

O que se propõem estes investigadores é chegar a conseguir robôs domésticos, que ajudem nas tarefas domésticas ou em tarefas simples (existem vários modelos que estão a ser testados como recepcionistas), como já se viu com os apresentadores virtuais, de alguma maneira. 

O que é mais discutível é a humanização ou não do aspecto: Por um lado, deixa nervosas às pessoas, mas por outro, é mais fácil tratar com algo que parece humano do que falar, perguntar coisas ou dar ordens a uma caixa quadrada com luzes, não é?

Veremos onde acaba a robótica, e se Asimov tinha razão. Entretanto, apreciem esta bonequinha no vídeo a seguir:

O tubarão branco não descende do Megalodonte






O grande tubarão branco parece que descende do Mako e não do Megalodonte



Investigadores da Universidade da Florida (Estados Unidos) confirmam no último número do Journal of Vertebrate Paleontology que os tubarões brancos actuais (Carcharodon carcharias) evolucionaram do tubarão mako de dentes largos e não do Megalodonte (Carcharodon megalodon), o peixe carnívoro maior que se conheceu, como alguns paleontólogos achavam. Os resultados baseiam-se no fóssil de uma espécie primitiva de tubarão branco de entre 4 e 5 milhões de anos de antiguidade.



Este fóssil foi encontrado numa zona desértica do Peru, e apresenta novos dados sobre os antepassados dos temidos tubarões brancos.


Encontrar fósseis de tubarões é pouco habitual uma vez que os esqualos têm a maior parte do seu esqueleto formado por cartilagem. Do novo espécimen, no entanto, conservaram-se grande parte da coluna vertebral, 45 vértebras, a cabeça e uma boca com 222 dentes.


O achado poderia por fim a um antigo debate sobre a árvore evolutiva destes animais. Desde há mais de 150 anos os paleontólogos debatem se o tubarão branco (Carcharodon carcharias) é um parente mais pequeno da linha de espécies à que pertence o enorme Carcharodon megalodon, ou se procedia do mako de dentes largos .



De acordo com o grupo que defendia a linha do tubarão mako, deveria ter-se mudado o nome do género do Megalodonte , que mediu até 18 metros de cumprimento, para diferenciar entre os ancestrais. A investigação publicada no Journal of Vertebrate Paleontology confirma que o Megalodonte e os modernos tubarões brancos estão muito menos relacionados do que alguns paleontólogos achavam.


Baseando-se no tamanho dos dentes e na análise dos anéis de crescimento intervertebrais, os investigadores chegaram à conclusão de que o tubarão fóssil devia ter uns 20 anos e medir de 5 a 5,5 metros de cumprimento. Os resultados apontam a que se trata de uma espécie de tubarão branco estreitamente ligado ao Isurus hastalis, um tubarão mako de dentes largos que chegou a alcançar um tamanho de 8 metros de cumprimento e que viveu há 9 milhões de anos.


O Megalodonte deve ter sido contemporâneo deste outro tubarão, mas tinha um tamanho de até 18 metros ou mais, o que evidencia as grandes diferenças entre uma e outra espécie, enquanto que o fóssil encontrado e o tubarão branco têm tamanhos muito semelhantes.



Os grossos dentes com formato de serrote do fóssil de tubarão são a prova de uma transição entre os tubarões mako de dentes largos, que comem fundamentalmente peixes, e os modernos tubarões brancos. Aqui temos um tubarão que está a adquirir dentes com forma de serrote e que se está a converter num tubarão branco, mas que ainda o não é, explicou Dana Ehret, da Universidade da Florida, principal autor do estudo.


O exemplar fóssil de tubarão provinha de uma zona conhecida como a Formação Pisco que há 4 milhões de anos era um resguardado entorno marinho pouco profundo, ideal para a conservação dos esqueletos, e onde para além do esqualo encontraram-se outros fósseis de animais marinhos.



14 de março de 2009

Criam um material que se repara sozinho


Entre estas duas fotografías a única diferença é meia hora de luz ultravioleta: O material repara-se sozinho
Realmente, a ciência não deixa de nos surpreender: No futuro pode acontecer que para reparar a tinta do seu carro a única coisa precisa seja um raio de sol.

Publicou-se recentemente na revista Science um estudo que explica a fabricação de um novo material que, através de reacções químicas provocadas pela luz ultravioleta, pode regenerar-se, ou seja, se o material gretado ou rasgado fica exposto à luz solar, arranja-se sozinho, ficando como novo. 

O segredo do material, afirmam os investigadores na revista Science, está em que utiliza moléculas feitas de chitosan, uma substância natural que se deriva de conchas e cascas de crustáceos como os camarões, e utilizado comercialmente em muitas dietas de emagrecimento.

Quando acontece uma rasgadura ou ruptura no material, que é um poliuretano, a luz ultravioleta pode produzir uma reacção química que repara o dano.

Os poliuretanos utilizam-se habitualmente em produtos muito variados, desde móveis até fatos de banho, mas até agora não se tinha conseguido melhorar a sua susceptibilidade ao dano mecânico.

Estes investigadores, pertencentes à Universidade do Sul de Mississippi, conseguiram desenhar moléculas capazes de unir oxetano (moléculas com forma de anel) com chitosan, acrescentando estas moléculas depois a uma mistura normal de poliuretano.

As gretas e os riscos na camada de poliuretano desta mistura podem partir os anéis de oxetano, deixando radicais da molécula livres para reagir quimicamente.

Com a luz ultravioleta que proporciona o Sol, as moléculas de chitosan dividem-se em duas, unindo os radicais reactivos do oxetano.

Estes materiais são capazes de reparar-se a si próprios em menos de uma hora, afirmou o professor Marek Urban, director da escola de polímeros e materiais de elevado rendimento da universidade, um dos autores do estudo. E podem ser utilizados em muitas aplicações de revestimento, por exemplo nas indústrias de transporte, embalagens, moda e biomedicina, acrescentou.

Entre os produtos que poderiam beneficiar-se com isto, dizem os peritos, estão por exemplo a tinta dos carros, telas adesivas para uso médico e fatos especiais para desporto.

Um verniz para cobrir os carros poderia reparar-se a si próprio enquanto o veículo é conduzido sob o Sol, dizem os autores, solucionando os riscos e arranhões enquanto damos uma voltinha.

13 de março de 2009

Confirmado: As baleias pariam em terra


Recriação a partir do esqueleto do macho de Maiacetus inuus

Já se pensava que era assim, mas descobriram uns fósseis que confirmam a teoria.

Encontraram dois fósseis, um de fêmea prenha no ano 2000, e outro de um macho no ano 2004, na mesma jazida, no Paquistão, que após um longo e meticuloso estudo dirigido pelo paleontólogo Philip Gingerich da Universidade de Michigan, confirmaram que as baleias pariam na terra firme, para além de acrescentar muitos outros dados sobre a transição entre a terra e o mar dos cetáceos.

Este é o primeiro fóssil conhecido de um feto de una baleia extinguida do grupo Archaeoceti, e os três exemplares determinam uma nova espécie, à que chamaram Maiacetus inuus, e que viveu há uns 47 milhões e meio de anos.

O feto apresenta características que vêm a confirmar que pariam em terra, como o facto de que está pronto para nascer de cabeça, como os mamíferos terrestres e ao contrário do que as modernas baleias.

O feto, ainda, apresenta um conjunto de dentes bem desenvolvidos, o que indicaria que desde recém nascidos poderiam sustentar-se por si próprios muito melhor do que os actuais durante as primeiras etapas da sua vida. 

Os grandes dentes que apresentam as baleias, ideais para capturar peixes, sugerem por sua vez que estes animais deviam viver fundamentalmente no mar, vindo à terra para acasalar e parir, e eventualmente para descansar, mas mais nada.

Tal como outras espécies do grupo Archaeoceti, a espécie Maiacetus inuus tinha quatro pés modificados para nadar, e ainda que estas baleias pudessem resistir o seu peso sobre as suas extremidades com formato de barbatanas, provavelmente não podiam percorrer grandes distâncias por terra.

O macho encontrado é semelhante anatomicamente à fêmea, mas um 12% maior e com dentes caninos um 20% maiores.

Estas não são características estranhas entre os cetáceos, onde há desde espécies em que as fêmeas são maiores até outras em que são maiores, por vezes muito consideravelmente, até, os machos.

Uma vez que o que se encontrou nesta espécie é uma diferença moderada, supõe-se que os machos não deviam controlar territórios nem dirigir haréns de fêmeas.


12 de março de 2009

Drácula existe. E vive nos rios da Birmânia


Fotografia dos dentes de osso de Danionella dracula

Encontrou-se aquele que poderia ser o único drácula real: um peixe de 17 milímetros de comprimento.

Sim, o peixe é muito pequeno, mas para os crustáceos e diminutos insectos dos que supostamente se alimenta deve ter um aspecto assustador.

Esta dieta é a habitual nas outras espécies da mesma família. Mas elas não possuem estes espectaculares apêndices dentários exclusivos, pelo que está a ser investigada agora qual poderá ser a sua fonte de alimento habitual.

Até porque das outras 3700 espécies da ordem dos cypriniformes (à que pertencem as carpas) nenhuma possui dentes, perderam-nos evolutivamente há uns 50 milhões de anos.

Este peixe foi descoberto num rio da Birmânia, em Abril do 2007, e enviado como peixe de aquário ao Museu de Historia Natural de Londres.

Após um ano, quando começaram a morrer, seguindo o processo normal de trabalho conservaram-nos e analisaram-nos, e então surgiu a surpresa.

E após a mesma novos análises, até que hoje, finalmente, um grupo de científicos deste museu confirmou numa publicação na prestigiosa revista Proceedings of the Royal Society B que se trata de uma nova espécie, à que baptizaram, como não podia ser de outra maneira, como Danionella dracula

Segundo Ralph Britz, zoólogo do Museu de Historia Natural de Londres, o peixe é um dos vertebrados mais extraordinários descobertos nas últimas décadas, uma vez que este peixe desenvolveu as suas próprias estruturas com dentes como os de Drácula, que cresceram a partir dos ossos da mandíbula.

Ver mais em El Mundo e BBC