Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

29 de maio de 2009

O cemitério solar: aproveitamento de novos espaços


Cemitério de Santa Coloma, com os painéis solares

Não se trata de uma notícia recente, mas por acaso li-a recentemente na BBC, e achei o conceito muito interessante.

A energia solar é uma energia limpa, que já se produz de maneira rentável, mas que tem o inconveniente de encontrar um espaço adequado onde colocar os painéis. Numa zona tão urbanizada como Santa Coloma del Gramenet, perto de Barcelona, Espanha, não é fácil encontrar este espaço. E segundo Esteban Serret, responsável de Live Energy, empresa que gere o projecto, lembraram-se duma ideia: O cemitério.

A câmara gostou da ideia, por causa da falta de espaços abertos na cidade, e puseram-na em prática.

É evidente que todo o processo foi desenvolvido com grandes cuidados, tentado não incomodar os visitantes, e procurando o mínimo impacto visual, uma vez que estamos a falar de um local sumamente sensível.

Segundo Begoña Bellete, encarregada do Meio Ambiente da Câmara de Santa Coloma, como há que levar em conta a situação na que se encontram as pessoas que visitam o lugar, houve que sacrificar uma orientação mais ideal das placas por uma que não incomodara os seus utilizadores.

Desenharam-se ainda painéis solares especificamente para que se integrassem em harmonia com a arquitectura do recinto, de maneira que quase não se notam no cemitério, e nem sequer são visíveis desde fora.

Segundo a empresa instaladora, que demorou 3 anos a finalizar o projecto (esta a funcionar desde Novembro do 2008), poderiam ter chegado a obter até 600 Kw, mas devido à disposição dos nichos, e para não levantar mais (e fazer mais visíveis) os painéis solares, o máximo que prevêem obter é 400 Kw. As 462 placas que entraram em funcionamento no último Novembro produzem uns 100 Kw.

A empresa estima que devem amortizar o investimento inicial de 740.000 euros em 10 anos aproximadamente, e Serret indica que a produção actual supõe ainda a poupança de umas 65 toneladas de CO2 por ano (umas 4.600 árvores), ou, visto de outra maneira, o consumo energético de umas 60 famílias de nível médio.


28 de maio de 2009

Relações genéticas entre o infarto e as gengivas


Gingivitis, uma doença que pode provocar um infarto

Um grupo de investigadores da Universidade de Kiel, na Alemanha, descobriu um vínculo genético entre a gengivite (inflamação das gengivas)  e os ataques ao coração. Conhecia-se já uma relação entre ambos, mas desconhecia-se o fundamento da mesma. Os factores de risco (tabagismo, diabetes e obesidade) eram também conhecidos e semelhantes. 

Esta investigação evidenciou também as semelhanças entre as bactérias que se encontram nas cavidades orais infectadas e as das placas coronárias, e que ambas as doenças se caracterizam por um desequilíbrio na reacção do sistema imunitário e por uma inflamação crónica. 

Segundo os investigadores, pode ser que as bactérias que participam na doença das gengivas desencadeiem uma resposta inflamatória ligeira generalizada em todo o corpo, impulsionado mudanças nas principais artérias que dão azo a acidentes vasculares cerebrais (AVC) e a ataques cardíacos. Outra possibilidade que consideram é que as bactérias alterem directamente a maneira em que os vasos sanguíneos se dilatam, visto que algumas destas bactérias podem entrar na corrente sanguínea.

Ainda, estes investigadores encontraram também uma variação genética comum a doentes de doenças periodontais (gengivas, alvéolos dentários e dentes) e a doentes com infartes.

Na sua intervenção na conferência anual da Sociedade Europeia de Genética Humana  na Viena, o líder do estudo, Dr. Arne Schaefer, disse que a sua equipa descobriu o gene que determina as condições de surgimento destas doenças no cromossoma 9. Já antes se tinha associado com ataques de coração, mas neste último estudo encontrou-se a mesma variação genética neste gene tanto num grupo de 1.097 pacientes com cardiopatias coronárias como em 151 doentes com as mais agressivas formas de periodontite (gengivite ou outras doenças dos dentes e zonas à volta). 

Para confirmar estes dados, analisaram este gene num novo grupo de 1.100 doentes com doenças coronárias e 180 com periodontite, obtendo os mesmos resultados.

Já é sabido qual é a proteína codificada por este gene, mas mesmo assim ainda não se conseguiu determinar a ligação entre esta proteína e o aparecimento das doenças, ou a sua relação com os factores de risco.

Agora que sabemos que existe uma forte ligação genética, os doentes com periodontitis deveriam tratar de reduzir os seus factores de risco e tomar medidas preventivas desde as etapas iniciais, disse o Dr. Schaefer, Esperamos que as nossas conclusões facilitem o diagnóstico mais cedo, e que no futuro um maior conhecimento da fisiopatologia possa contribuir para desenvolver uma terapia eficaz antes de que a doença se estabeleça. Entretanto, devido à sua associação com as doenças do coração, pensamos que a periodontitis deve ser levada muito a sério pelos dentistas, e diagnosticada e tratada tão cedo quanto possível, acrescentou.

Ver mais na BBC 

26 de maio de 2009

Novas espécies do 2008: As 10 mais destacadas


O Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Universidade Estatal do Arizona (Arizona State University, ASU) dos Estados Unidos, junto com um comité internacional de taxónomos (que são os científicos encarregados de catalogar as espécies), determinaram quais são para eles as 10 espécies mais estranhas, ou invulgares de alguma maneira, de entre as novas espécies (alguns milhares) descobertas no 2008. As espécies em causa, com fotografías obtidas da ASU, são:

1-Uma palmeira que floresce até a morte: Tahina spectabilis

Esta planta gigantesca só existe numa pequena zona do noroeste do Madagáscar, existindo menos de 100 indivíduos. Cresce, e depois forma uma inflorescência enorme, e depois seca e morre.

2-Um bicho-pau muito comprido: Phobaeticus chani

É o mais comprido de todos os insectos encontrados até agora. O seu corpo mede 35,6 centímetros, e, incluindo os pés, atinge os 56,7 cm.

3-Um cavalo (marinho) realmente pequeno: Hippocampus satomiae

Este cavalo marinho, encontrado nas águas da zona indonésia de Borneu, é o mais pequeno descoberto até agora, com 13,8 mm. de comprimento médio, e uns 11,5 mm. de altura normalmente.

4-Uma serpente minúscula: Leptotyphlops carlae

Esta serpente é a mais pequena encontrada até a data, medindo o exemplar adulto 104 mm. de comprimento.

5-A lesma fantasma: Selenochlamys ysbryda

Esta lesma foi encontrada em zonas densamente povoadas, no País de Gales, e o mais característico são os seus dentes com formato de folha, de meio milímetro de comprimento cada um.

6-Um caracol muito enrolado: Opisthostoma vermiculum

Este caracol não segue as espirais logarítmicas típicas, nem o facto de apresentar as espirais num máximo de três eixos, como os outros, mas retorce-se sobre quatro eixos, e ainda se enrola e desenrola várias vezes.

7-O peixe mais visto: Chromis abyssus

Este peixe baseia a sua originalidade em que fazia parte das primeiras novas espécies classificadas no 2008, o que fez com que seja a nova espécie do 2008 mais vista pelos internautas.

8-O vertebrado vivíparo mais antigo: Materpiscis attenboroughi

O fóssil deste peixe foi um raro achado, que permitiu descobrir a uma mãe a parir há uns 380 milhões de anos.

9-O descafeinado natural: Coffea charrieriana

Esta é a primeira planta de café conhecida que não tem cafeína. Já se está a estudar a possibilidade de cultiva-la para obter café descafeinado natural.

10-E, finalmente, a bactéria enlatada: Microbacterium hatanonis

Esta microbactéria extremófila foi descoberta por investigadores japoneses dentro de latas de spray para o cabelo.

Se querem aprofundar no tema, vejam (em inglês) o artigo da ASU.
Visto originalmente em El Mundo.
 

21 de maio de 2009

Nova tecnología 5D: O DVD de 1,6 Terabytes


O novo disco com gravação 5D deveria ser semelhante a este DVD actual

Um grupo de investigadores da Swinburne University of Technology, da Austrália, publicou recentemente na revista Nature um novo método de gravação óptica com o que conseguem guardar até 1,6 terabytes (1 terabyte são 1024 gigabytes) num disco com o mesmo tamanho que os actuais DVD. Os investigadores que desenvolveram o sistema chamam-lhe gravação óptica em 5 dimensões, e utilizam para a gravação partículas nanométricas de ouro, aproveitando as especiais propriedades luminosas deste metal.

A ideia é utilizar, para além das 2 dimensões do espaço dos DVD actuais, também outras 3 dimensões: A espectral, ou das cores, a polarização, e a terceira dimensão do espaço, utilizando 10 camadas de nano-partículas para gravar nelas.

Assim, utilizam diferentes comprimentos de onda (que correspondem a diferentes cores) para gravar diferente informação na mesma localização (ou seja, no mesmo ponto, poderia haver uma informação em azul e outra em verde, por exemplo). Ainda, como a quantidade de luz laser absorvida por uma nano-partícula depende da polarização, poderiam guardar também diferentes informações no mesmo ponto dependendo do ângulo de incidência do raio laser nesse ponto.


Imagem da Nature esquematizando o processo

O que se faz agora, com os actuais DVD, é guardar num ponto a informação de uma só cor (um comprimento de onda).

Segundo estes investigadores, já se tinham feito avanços tanto em luz polarizada como em diferentes cores (comprimentos de onda), mas esta é a primeira vez que se integra tudo numa única solução, conseguindo assim uma densidade de dados muito superior.

Neste momento estão a utilizar um disco composto por 10 finas camadas de material gravável, obtendo assim a capacidade indicada (que corresponde a mais de 300 DVD). Mas pensam que poderia reduzir-se a espessura das camadas (e portanto utilizar mais camadas no disco), e também utilizar mais ângulos de polarização diferentes (neste momento utilizam 2 ângulos), fazendo assim que a capacidade dos discos alcançasse os 10 terabytes ou mais.

Ainda, como indica James Chon, um dos autores, O sistema óptico para gravar e ler os discos 5-D é muito semelhante ao actual sistema de DVD, e acrescenta que isto simplifica a sua produção e comercialização a escala industrial, ao contrário do que acontece com outro tipo de aproximações, como os que utilizam métodos holográficos.

Superfície de um DVD actual: Os dados gravam-se em "2D"

Neste momento, encontram-se já a trabalhar com a Samsung no desenvolvimento de uma unidade que grave e leia num disco do tamanho de um DVD. Segundo Chon, o custe de um disco seria inferior a 4 cêntimos de euro, mas existe a possibilidade de fazer as placas de partículas de prata, o que implicaria uma redução do preço a um centésimo do assinalado.

Isso sim, por enquanto, o equipamento necessário para a gravação seria caro. Mas isso já aconteceu com outros sistemas, como recentemente com o blu-ray, no que alguns pensavam que seria demasiado caro, mas acabou por ser desenvolvido.

Ver mais no site da BBC.

19 de maio de 2009

O mais diabólico: diabo-da-tasmânia


diabo-da-tasmânia

O diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) é um mamífero marsupial carnívoro que actualmente só existe na ilha da Tasmânia. É o maior carnívoro marsupial existente na actualidade, depois da extinção durante o século XX (1936) do tigre da Tasmânia

O diabo-da-tasmânia é um animal com o aspecto de um cão pequeno, mas muito forte, com a cabeça relativamente grande, orelhas arredondadas e focinho afiado com grandes bigodes muito sensíveis. Os músculos das mandíbulas são muito fortes, e, proporcionalmente ao seu tamanho, tem a mordida mais forte de todos os mamíferos. 

Tem uma só dentição, mas que cresce, de vagar, continuamente. Apresenta uma cauda que chega a medir a metade do comprimento do seu corpo, mas que varia: Como utiliza a cauda como armazém de energia (gordura), os indivíduos doentes apresentam normalmente caudas curtas.

Outra característica pouco comum entre os marsupiais é que as suas patas dianteiras são ligeiramente mais compridas do que as traseiras, o que também ajuda ao aspecto agressivo e pujante do animal.

O pêlo é habitualmente preto, podendo ser acastanhado, e é normal apresentarem manchas brancas no peito.

Os machos, com médias de 65 cm. de comprimento por 25 de altura e 8 quilos, são maiores que as fêmeas, que têm por volta de 57 cm de comprimento, 24 de altura e 6 quilos de peso. Calcula-se que vivam em liberdade por volta de 6 anos (em cativeiro podem viver mais tempo).

O diabo-da-tasmânia é um predador nocturno ou crepuscular, e caça wallabees (uma espécie de cangurus pequenos), coelhos, ovelhas, pássaros, insectos, sapos, serpentes, e todo animal que consiga apanhar, mas a maior parte das vezes come animais mortos que encontra (necrofágia). 

É muito voraz: come aproximadamente 15% do seu peso por dia, mas, se tiver oportunidade, pode chegar a comer 40% do seu peso em 30 minutos. Devora as presas completas: carne, ossos, órgãos internos e pele. 

Habitualmente é solitário, e, se se encontrarem vários junto a uma presa ou uma carcaça, ficam extremamente agressivos, ferindo-se profundamente uns aos outros, ao mesmo tempo que lançam fortes grunhidos, guinchos e latidos, assim como um forte e muito desagradável cheiro.
  
Este animal foi caçado na Tasmânia por causa do perigo para o gado (ovelhas), até 1941, em que passou a espécie protegida, e recuperou bastante. 

No entanto, nos últimos anos, tem havido um surto de uma doença específica deles, que causa tumores em volta da boca (o que os impede de comer e morrem a fome), que está a dizimar a espécie. Apesar das medidas que estão a tomar, é possível que ainda venha a ser declarada por este motivo espécie em perigo de extinção

Pode obter informação adicional em inglês no site de parques e vida selvagem da Tasmânia, onde pode ouvi-lo e ver um pequeno vídeo , ou no site da National Geographic, ou ainda ver um documento sobre o mesmo do governo australiano em formato PDF .

18 de maio de 2009

Cultivo anti-furacões e anti-seca: Quesungual


Típica cultura utilizando o método quesungual

Este é um método, patrocinado pela FAO, baseado na agricultura ancestral da zona (Honduras), que inclusive leva o nome da primeira comunidade que estudaram os agrónomos na que não cortavam as árvores nas zonas de cultivo, o que lhes deu a ideia original.

Os princípios básicos são simples: não se queima a cobertura vegetal, não se lavra a terra, semeia-se directamente, deve praticar-se a cobertura do solo e a rotação de culturas.

O processo consiste em, ao decidir utilizar uma nova zona para cultivar, não cortar as árvores, mas semear entre árvores dispersas, que são podadas para que passe a luz. A vegetação que se obtém da poda, do mato rasteiro e dos resíduos das colheitas anteriores não se queima como se fazia tradicionalmente, parte-se em bocadinhos e é utilizada para cobrir o solo.

Não se lavra a terra, semeia-se com o chuzo, uma ferramenta que serve para introduzir directamente a semente (milho ou feijão, geralmente) no chão.

A cobertura vegetal da terra serve como fertilização, ao mesmo tempo que evita a evaporação, mantendo a humidade. As árvores fixam o terreno, evitando a erosão: Em algumas zonas de Honduras nas que é utilizado o método quesungual, a FAO mediu a redução da erosão por causa da água das chuvas e furacões, que passou de 200 toneladas por hectare a 24 toneladas.

Existem problemas para implementar este método, especialmente em zonas muito pobres, porque apresenta algumas desvantagens de início: A queima produzia cinzas ricas em minerais que aumentavam a produção o primeiro ano, e com este método não obtêm essa ajuda e são necessários mais fertilizantes para a primeira colheita, até que a decomposição da cobertura vegetal faça mais fértil o terreno; ainda, a presença das árvores faz com que haja mais pássaros, que comem as sementes.

De todas as maneiras, as cinzas já não aumentavam o rendimento nos anos seguintes, e a terra nua era facilmente degradada pela erosão das chuvas perdendo a sua camada fértil, o que fazia com que os agricultores tivessem que realizar uma agricultura nómada, procurando novas superfícies cultiváveis cada ano.

Com este método, zonas muito pobres estão a melhorar o seu nível de vida ano após ano, não perdendo as colheitas por causa das secas nem por causa dos furacões, pelo que se vai estendendo em Honduras: o quesungual é utilizado já em 10.000 km quadrados aproximadamente, a décima parte do território. A FAO já levou também o método à Nicarágua e à Guatemala e inclusive membros seus já deram conferências sobre este sistema nos Camarões.

Ver mais em espanhol no site da BBC ou descarregar o documento PDF da FAO

17 de maio de 2009

Os mais vistosos: Lesmas do mar ou Nudibrânquios


Faça clique em qualquer uma das imagens para amplia-la

As lesmas do mar, ou nudibrânquios, são pequenos moluscos, da ordem dos opistobrânquios, parecidas às lesmas terrestres na sua forma, mas com grande quantidade de cores, especialmente as que vivem nos corais e outras zonas de águas cálidas (havendo no entanto lesmas do mar em todos os ambientes marinhos).


As suas vivas cores identificam-nos aos olhos dos outros como perigosos.


Conhecem-se mais de 2.500 espécies, sendo a maior a lebre do mar, que chega a medir um metro e pesar 60 quilos, mas habitualmente as lesmas do mar não ultrapassam os 10 cm.


O seu nome, nudibrânquios, faz referência às suas brânquias ou guelras desprotegidas, nuas. A maior parte apresenta as plumas das brânquias por fora do seu corpo.


Algumas espécies segregam ácidos, outras toxinas, e algumas inclusive se defendem com as armas do inimigo: Ingerem anémonas, neutralizam no estômago as células urticantes (nematocistos) maduras das mesmas, mas transferem as imaturas para sacos especiais que têm nas pontas das suas protuberâncias (ceratos), conseguindo que funcionem tal como o fariam na anémona original.


Mas a beleza destes moluscos é absolutamente excepcional, e o melhor é aprecia-la. Aqui estão.




16 de maio de 2009

Novo computador ecológico: é reciclável e utiliza energía solar


iUnika Gyy, o novo ultraleve ecológico

A empresa espanhola iUnika apresentou o 13 de Maio no encontro Libremeeting 2009, organizado pela Free Knowledge Foundation (FKF) em Madrid, o Gyy, um computador portátil, ecológico e barato até onde é possível.

Entre as características do computador podemos destacar as suas 700 gramas, 4 horas de autonomia ou as 25 cores diferentes em que se apresenta. É um computador ultraleve, como outros que estão a ficar na moda, com 22 x 16 cm. de tamanho e ecrã de 8 polegadas.

Mas o que é verdadeiramente especial neste é que tem, nalgumas das suas versões, placas solares para recarregar a bateria enquanto se está a trabalhar, aumentando muito a sua autonomia, e que a sua estrutura foi construída com materiais totalmente biodegradáveis: amido, farinha de milho e celulose, formando um bioplástico que suporta até 85 graus de temperatura.

Ainda, fazem finca-pé no facto de ser livre, ou seja, de que não utiliza software comercial, só utiliza software livre com licença GNU, desenvolvido no seu laboratório de Madrid.

A empresa, dirigida por Ángel Blanco e Pablo Machón, desenvolve em Madrid o software, fabrica na China os computadores, e tem a sua sede e o departamento comercial em Hong Kong.

E, finalmente, o que tal vez seja o mais atractivo deste novo computador, que vai ser posto à venda em Junho se tudo correr bem, por um preço de 130 euros.

Segundo Ángel e Pablo, a margem de lucro é mínima, mas neste momento é mais importante para eles potenciar a marca, faze-la conhecida no mercado.

15 de maio de 2009

Curam macacos diabéticos com pâncreas de porco


Macaco comedor de caranguejos (Macaca fascicularis), espécie na que se fez a investigação

Um grupo de científicos do Instituto Científico Weizmann de Israel transplantou com êxito pâncreas de embriões de porcos em macacos diabéticos, e quatro meses depois os macacos estavam curados.

O grande feito foi evitar a rejeição aguda típica dos xenotransplantes (transplantes de órgãos doutra espécie), e a maneira na que o conseguiram foi precisamente a utilização de pâncreas embrionários.

Segundo Yair Reisner, imunologista que chefiava a equipa, A possibilidade de uma rejeição é muito menor com embriões.

A ideia surgiu a partir da observação evidente de que o feto não é rejeitado geralmente no útero materno. A partir desse dado desenvolveram a investigação.

Segundo publicaram recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o processo foi o que segue: Obtiveram embriões de porco com 42 dias, dos que extraíram tecido pancreático, que implantaram em dois macacos comedores de caranguejos (primatas da espécie Macaca fascicularis), uns 60 fragmentos de perto de um milímetro de tamanho no abdómen de cada um. A estes primatas previamente tinha-lhes sido induzida diabetes.

Desenvolvimento de vasos sanguíneos à volta dos implantes (foto de PNAS)

Os investigadores assinalam que, como se trata de tecido embrionário, o organismo dos macacos desenvolveu vasos sanguíneos próprios para regar estes órgãos, o que diminuiu muito a habitual reacção de rejeição.

Mesmo assim, a possibilidade de rejeição existia, pelo que foram-lhes administradas grandes quantidades de imunossupresores. Este foi, segundo os investigadores, o motivo da morte dos dois macacos aos três meses do início do experimento, pelo que o repetiram com outros dois, mas reduzindo a dose, e funcionou: Os macacos continuaram a viver perfeitamente até um ano depois do transplante, e a partir do quarto mês deixaram de precisar que lhes administrassem insulina, uma vez que já a conseguiam produzir eles.

O pâncreas, o produtor da insulina. A sua falta provoca diabetes.

Evidentemente são técnicas novas que precisam de aperfeiçoamento, mas há muitas esperanças de que este tipo de intervenção possa chegar a ser aplicada em humanos, solucionando ou atenuando algumas doenças ou transplantes que não se chegam a efectuar por falta de doadores.