Aureus

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12 de maio de 2009

A rã ultra-sónica


Fotografia (como todas as outras) de Huia cavitympanum, a rã ultra-sónica

Um grupo de científicos da Universidade da Califórnia – Los Ángeles (UCLA) descobriu uma rã, Huia cavitympanum, endémica de Bornéu, que é a primeira espécie de anfíbios conhecida que consegue emitir sinais vocálicos exclusivamente compostos por ultra-sons.

Os ultra-sons são sons com frequência superior a 20 kilohertz (kHz), que é o limite superior detectável pelo homem, e de todas as maneiras são frequências muito mais altas do que os 5 a 8 kHz, as frequências que a maior parte dos anfíbios, aves e répteis podem emitir ou ouvir.

Há determinadas partes fundamentais do ouvido que devem estar especialmente adaptadas para conseguir detectar os ultra-sons. Estas rãs podem escutar sons até 38 kilohertz, a frequência mais alta que se encontrou até agora em espécies de anfíbios, segundo o relatório dos científicos. Os humanos podemos perceber até aproximadamente 20 kHz e habitualmente falamos a entre 2 e 3 kHz.

Descobriram também que, mesmo que a maior parte das mais de 5.000 espécies de rãs de todo o mundo tenham os tímpanos fixos no lado da cabeça, os tímpanos de Huia cavitympanum se encontram encaixados na parte lateral do crânio, tal como acontece nos mamíferos.

Para comprovar que utilizam estes ultra-sons para se comunicarem com outros elementos da sua mesma espécie, os investigadores realizaram experiências de chamada com rãs macho nos seus lugares naturais. Encontraram que as outras rãs responderam com um aumento de chamadas que só continham ultra-sons.

Também fizeram gravações electro fisiológicas do mesoencéfalo auditivo (a parte do cérebro na que se registam os sons), e medições da resposta acústica no tímpano com um vibrómetro laser Doppler. Estas experiências revelaram que esta rã tem um sistema auditivo sensível aos ultra-sons.

Assim, fica demonstrado que H. cavitympanum é a primeira espécie conhecida de vertebrados não mamíferos capaz de se comunicar exclusivamente com sinais acústicos ultra-sónicos. Até agora, só se conhecia outra rã, Odorrana tormota, que produzia e recebia ultra-sons, mas nunca em exclusividade, mas misturados com sons de menor frequência.

Para chegar a este descobrimento, a equipa de científicos passou uma semana nas selvas de Bornéu, em tendas com mosquiteiras, e, segundo dizem, na semana toda só viram outras duas pessoas.

O estudo foi publicado recentemente na revista de divulgação científica PlosOne, que recomendo totalmente.

Ver mais sobre esta noticia em Bio-Medicine ou na UCLA.


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