Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

12 de novembro de 2009

Cem biliões de bactérias por ser humano






Bactérias: A vida mais simples, e a mais abundante


As bactérias são más, transmitem doenças, devemos lutar contra elas, elimina-las seria um grande bem para a humanidade... nada mais falso


As bactérias têm essa fama, porque sempre nos lembramos do que nos prejudica, e esquecemos o que nos dão de bom.


As bactérias são positivas, ajudam-nos a viver, evitam-nos doenças... falso, falso também.


São muito pequenas, não as contamos com elas geralmente, e ainda por cima a maior parte delas é indiferente para nós, e nós somos indiferentes para elas. Algumas delas são benéficas para nós, algumas são prejudiciais para nós, e a maior parte são indiferentes para nós.


Mas, a pesar de serem muito pequenas, são muitas. Realmente muitas. E não são indiferentes para o planeta, para a vida. De facto, são, em boa parte, "a vida". Aproximadamente 50% da vida que existe são bactérias (em volume ou massa, porque em quantidade de seres vivos é quase a totalidade).



Calcula-se que numa grama de terra haja aproximadamente 2.000.000.000 de bactérias (dos mil milhões), e no mar, nos 200 primeiros metros de profundidade, qualquer coisa como 500.000 (meio milhão) de bactérias por mililitro. Por baixo dessa profundidade, esse valor muda para como média 50.000 por mililitro, mas o volume total é muito maior, fazendo com que o número total de bactérias que vivem nessas águas (oceano com mais do que 200 metros de profundidade, sem contar as dos sedimentos marinhos) tenha sido calculado em 65.000.000.000.000.000.000.000.000.000 bactérias, ou seja, 65 mil quatrilhões de bactérias, mais ou menos, utilizando a terminologia latina (sendo, portanto, um bilião = 1000.000.000.000, porque na terminologia saxónica um bilião corresponde aos nossos mil milhões).
Estes dados pertencem a  Procariotas, a maioria invisível, um estudo bastante pormenorizado ao que podem aceder se quiserem aprofundar no tema.



São números interessantes, nos que se pensa pouco. E são números, quantidades, de seres vivos. No que se pensa ainda menos.


Recentemente realizou-se um estudo, publicado em Science  e do que falou também a BBC, sobre as bactérias que vivem connosco, com cada um de nós, na pele ou no aparelho digestivo. Qualquer coisa como 100.000.000.000.000 de bactérias em cada ser humano, formando assim uma comunidade de 100.000.000.000.001 de seres vivos vivendo em harmonia. É outra maneira de olhar para o assunto.


É um estudo interessante sobre a variabilidade das bactérias em diferentes zonas do nosso corpo, e também entre uns e outros de nós. E, surpreendentemente (ou não), esta variabilidade é muito elevada. Temos diferentes espécies de bactérias numas zonas e noutras do nosso corpo, mas também temos espécies de bactérias muito diferentes uns seres humanos de outros.



O estudo investiga a possibilidade de detectar determinadas doenças a partir das bactérias que tenhamos na pele, ou inclusive tratar determinadas doenças fazendo "transfusões" de determinadas bactérias em determinada zona do corpo. É um ponto de vista que me pareceu sumamente interessante, e no que se poderá aprofundar muito ainda, uma vez que é uma linha de investigação quase desconhecida.


Em princípio ainda não classificamos mais do que 10% das espécies de bactérias que existem, a variabilidade genética que existe nas bactérias é muitas vezes superior à variabilidade genética de todas as outras espécies "superiores" juntas, e ainda temos muito que aprender delas. Tal vez tenha chegado o momento de deixar de falar mal de umas poucas e esquecermos as restantes, para, humildemente, tentar ver que elas são a parte principal disso que conhecemos como "a vida"

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