Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

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18 de maio de 2009

Cultivo anti-furacões e anti-seca: Quesungual


Típica cultura utilizando o método quesungual

Este é um método, patrocinado pela FAO, baseado na agricultura ancestral da zona (Honduras), que inclusive leva o nome da primeira comunidade que estudaram os agrónomos na que não cortavam as árvores nas zonas de cultivo, o que lhes deu a ideia original.

Os princípios básicos são simples: não se queima a cobertura vegetal, não se lavra a terra, semeia-se directamente, deve praticar-se a cobertura do solo e a rotação de culturas.

O processo consiste em, ao decidir utilizar uma nova zona para cultivar, não cortar as árvores, mas semear entre árvores dispersas, que são podadas para que passe a luz. A vegetação que se obtém da poda, do mato rasteiro e dos resíduos das colheitas anteriores não se queima como se fazia tradicionalmente, parte-se em bocadinhos e é utilizada para cobrir o solo.

Não se lavra a terra, semeia-se com o chuzo, uma ferramenta que serve para introduzir directamente a semente (milho ou feijão, geralmente) no chão.

A cobertura vegetal da terra serve como fertilização, ao mesmo tempo que evita a evaporação, mantendo a humidade. As árvores fixam o terreno, evitando a erosão: Em algumas zonas de Honduras nas que é utilizado o método quesungual, a FAO mediu a redução da erosão por causa da água das chuvas e furacões, que passou de 200 toneladas por hectare a 24 toneladas.

Existem problemas para implementar este método, especialmente em zonas muito pobres, porque apresenta algumas desvantagens de início: A queima produzia cinzas ricas em minerais que aumentavam a produção o primeiro ano, e com este método não obtêm essa ajuda e são necessários mais fertilizantes para a primeira colheita, até que a decomposição da cobertura vegetal faça mais fértil o terreno; ainda, a presença das árvores faz com que haja mais pássaros, que comem as sementes.

De todas as maneiras, as cinzas já não aumentavam o rendimento nos anos seguintes, e a terra nua era facilmente degradada pela erosão das chuvas perdendo a sua camada fértil, o que fazia com que os agricultores tivessem que realizar uma agricultura nómada, procurando novas superfícies cultiváveis cada ano.

Com este método, zonas muito pobres estão a melhorar o seu nível de vida ano após ano, não perdendo as colheitas por causa das secas nem por causa dos furacões, pelo que se vai estendendo em Honduras: o quesungual é utilizado já em 10.000 km quadrados aproximadamente, a décima parte do território. A FAO já levou também o método à Nicarágua e à Guatemala e inclusive membros seus já deram conferências sobre este sistema nos Camarões.

Ver mais em espanhol no site da BBC ou descarregar o documento PDF da FAO

22 de fevereiro de 2009

Agricultura no deserto: areia hidrofóbica

Areia hidrofóbica, o milagre das culturas no deserto

Após sete anos de investigação, o engenheiro dos Emiratos Árabes Unidos Fahd Mohammad Saeed Hareb, em colaboração com o científico alemão Helmut F. Schulze, e com a colaboração comercial de Marco Russ, da empresa Flexon Trading Middle East, conseguiram obter uma areia hidrofóbica que poderia transformar os Emiratos Árabes Unidos num oásis.

As culturas no deserto, por causa da extrema aridez do clima, precisam de ser regados meia dúzia de vezes por dia, e ainda a extrema salinidade da areia pode matar as raízes das plantas. 

Esta areia desenvolvida por Materiais Hidrofóbicos DIME, a empresa familiar de Saeed, não só
 impede que a água se filtre ao subsolo, mas também impede o passo ao sal, fazendo com que as culturas sejam mais viáveis, precisando 75% menos de água (uma rega por dia).
 
O procedimento de instalação é muito simples: deve pôr-se uma camada de 10 centímetros de largura desta areia hidrofóbica por baixo do solo cultivável, onde se encontram as raízes das plantas.

Neste momento, a fábrica pode produzir 3.000 toneladas desta areia por dia. A fabricação da areia é na prática o revestimento de cada um dos grãos da areia original (areia normal obtida do deserto) com uma substância que denominaram SP-HFS-1609, desenvolvida com processos nanotecnológicos, e cuja exacta fórmula guardam como secreto comercial.

Já foram realizadas provas com palmeiras e ervas estrangeiras, e mediu-se um aumento de 25% nas raízes das plantas cultivadas sobre esta areia em relação às cultivadas sobre a areia normal.

O governo de Dubai mostra-se interessado, e já disse que pretende passar do 3,7% de solo cultivado actual até um 8% no ano 2015, sempre que todas as provas continuem a obter resposta positiva.

Entre as instituições que estão a experimentar com esta areia, encontra-se a Universidade Al Ain dos EAU, que está a tentar cultivar arroz (planta de solos encharcados) em condiciones desérticas.

Ver mais em Nano Werk