Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

2 de março de 2010

A serpente que comia dinossauros



Reconstrução da situação encontrada, desenhada por Tyler Keillor, da Universidade de Chicago


Em Gujarat, no Oeste da Índia, encontrou-se um extraordinário fóssil, em sedimentos com 67 milhões de anos de antiguidade. Trata-se dos restos quase completos duma serpente num ninho de dinossauro saurópode. Estes dinossauros são uns dos maiores animais que pisaram alguma vez a Terra.


A serpente encontrava-se enrolada à volta de um ovo de dinossauro, e ao lado de um bebé recém nascido.


No mesmo sitio geológico encontraram-se outros ninhos de dinossauros junto a restos de serpente, o que vem a indicar o género de alimentação destas serpentes.


Este descobrimento foi realizado por uma equipa paleontologista internacional dirigida por Jeff Wilson, da Universidade de Michigan, e Dhananjay Mohabey, do Serviço Geológico da Índia, e a investigação de campo foi financiada pela National Geographic Society. Foi publicado na prestigiosa revista PLoS Biology.


Esta nova espécie de serpente, baptizada Sanajeh indicus, proporciona informação também sobre a diversificação das serpentes. Actualmente as serpentes possuem características mandíbulas montadas sobre partes móveis do crânio o que lhes permite ingerir grandes animais. No entanto, a Sanajeh indicus só apresenta parcialmente estas características, mesmo podendo ingerir o bebé de saurópode (de meio metro de cumprimento), sendo o seu próprio corpo de uns 3,5 metros. 


Especulam os paleontólogos se as serpentes terão seguido como linha evolutiva o aumento do tamanho do seu próprio corpo para poder ingerir animais de maiores dimensões, uma vez que devem ingeri-las sempre inteiras (as serpentes não possuem mecanismos, como dentes ou garras, capazes de partir as presas em partes menores).


Os parentes mais próximos desta serpente encontram-se na Austrália, o que vem a confirmar mais uma vez a origem da Índia no antigo continente sul de Gondwana.


Podem ver aqui um vídeo da Universidade de Michigan onde explicam o descobrimento.


Visto inicialmente em Eurekalert 





1 de março de 2010

Formigas do deserto cheiram a paisagem em estéreo

Formigas Cataglyghis fortis

Há umas formigas, no deserto da Tunísia, que cheiram em estéreo: Recebem os cheiros nas suas antenas, e com isso conseguem reproduzir de alguma maneira o espaço à sua volta, uma paisagem de odores, que lhes permite situar-se e encontrar o seu formigueiro.

O doutor Markus Knaden e colegas seus, do Instituto Max-Planck para a Ecologia Química em Jena, Alemanha, investigaram a orientação olfactiva da formiga do deserto Cataglyphis fortis, e publicaram os seus resultados na revista Animal Behaviour, editada on-line por ScienceDirect.

Conseguem fazê-lo fundamentalmente determinando as direcções das que provêm os diferentes odores, em simultâneo com as suas duas antenas, o que lhes confere a distribuição espacial, criando uma espécie de mapa mental da área envolvente.

Já era conhecido que outros animais (pombos, ratos e o ser humano) podem também cheirar em estéreo, mas estas formigas são o primeiro animal conhecido que consegue usar os odores para a orientação espacial.

Estas formigas afastam-se do seu formigueiro até 100 metros, e depois conseguem encontrar a entrada do mesmo num ambiente como o deserto, no que é difícil encontrar referências de paisagem visual na sua escala.

Com diferentes experiências, os científicos determinaram que as formigas o conseguem graças aos odores (especificamente a 4 diferentes odores que colocam à volta da entrada do formigueiro), e que precisam das 2 antenas para poder localiza-lo. Portanto, não só detectam os 4 cheiros, mas também as posições relativas de maneira que coincida com a imagem olfactiva da entrada do formigueiro.

Ver mais na BBC.

25 de fevereiro de 2010

Mammatus e Asperatus: As nuvens impossíveis


Nuvens do género Undulatus Asperatus, ou, abreviadamente, Asperatus

Toda a gente sabe o que são as nuvens. E também que há diferentes géneros de nuvens. Mas há alguns tipos especiais de nuvens, diferentes, engraçadas, especiais de alguma maneira, e não tão conhecidas. Destaco agora 2 tipos de nuvens, que não o são totalmente:

De inicio, as nuvens mammatus, que na realidade não são um tipo de nuvens, mas uma formação especial que pode acontecer nelas, devido a correntes de ar descendente. Descobri-as já há algum tempo, não me lembro de onde, e tinha-as um pouco esquecidas.




Diversas fotografias de Mammatus

Depois, um outro género recentemente catalogado, ou nem por isso, na realidade, porque ainda discutem se realmente é um novo género de nuvem ou não, as asperatus. Estas últimas tinha-as visto já em Ojo Científico, e quando recentemente La Aldea Irreductible lembrou-me delas, decidi compartir umas e outras com vocês também aqui.




Diversas fotografias de Asperatus

Por tanto aqui ficam. Todas as fotografias vieram da Appreciation Cloud Society, um lugar de culto para quem goste mesmo de nuvens, e que eu vos recomendo: Há centenas de fotografias espectaculares de todos os géneros e feitios. Passem por lá.