Aureus

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17 de junho de 2009

Morte doce para as Térmitas


Espectacular fotografia de térmitas com a sua rainha. Faça clic para ampliar.

O sistema imunológico activa-se quando o corpo de alguma maneira nota que foi invadido. Isto é verdade tanto nos seres humanos, como em outros animais, incluindo os insectos. E no caso específico dos insectos, o sistema imunológico põe-se em andamento quando umas enzimas (proteínas de união de bactérias Gram-negativas, GNBPs, pelas suas iniciais em inglês) unem-se às moléculas de açúcar das paredes celulares das bactérias e fungos.

Os ninhos de térmitas deveriam ser um paraíso para os agentes patogénicos, dadas as suas características específicas: São húmidos, quentes, e recheados de seres vivos amontoados (as térmitas). No entanto, as colónias destes insectos devoradores de madeira raramente sucumbem às epidemias, e agora uns investigadores descobriram uma razão para isto: As térmitas produzem uma enzima antibiótica que espalham pelos seus corpos e pelas paredes dos seus ninhos. Esta equipa encontrou uma maneira simples de bloquear esta defesa, um descobrimento que pode ser útil para controlar "naturalmente" as pragas de térmitas.

Enquanto estudava a evolução das GNBPs nas térmitas, o ecologista molecular Marcos Bulmer, da Universidade Towson em Maryland, pensou que a função destas proteínas poderia não ser só a de activar o alarme imunológico. E apercebeu-se de que, de acordo com a sua estrutura, a GNBP das térmitas deveria ser capaz de digerir as moléculas de açúcar (glucanos, ou polímeros de glucose) dos invasores, destruindo ou danificando directamente os próprios micróbios, para além de activar a resposta do sistema imunológico.

Investigou esta ideia em conjunto com um grupo de científicos, e purificaram uma GNBP da térmita tropical Nasutitermes corniger, e conseguiram demonstrar que, diferentemente das GNBPs encontradas até agora em outros insectos, esta é uma enzima que degrada o glucano. As GNBPs das térmitas atacaram as paredes celulares de bactérias e fungos, deixando-as mais permeáveis e susceptíveis aos ataques doutros agentes anti-microbianos (a restante resposta imune). O efeito foi tão potente que o extracto de um só insecto foi suficiente para matar a centenas de esporos de fungos, segundo publicaram estes investigadores recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Analisando a estrutura da GNBP, os investigadores demonstraram que uma molécula simples, o GDL, um derivado de açúcar, poderia inibir o seu funcionamento: Com a GNBP inibida com GDL, as térmitas adoeciam e morriam com muita mais facilidade perante qualquer infecção.

O GDL é barato e não é tóxico - inclusive é utilizado como aditivo alimentar - e os investigadores estão agora à procura da maneira de o introduzir em tintas, ou na madeira, ou criar iscos para o poder proporcionar às térmitas.

De todas as maneiras, há científicos que, mesmo pensando que a ideia é muito positiva, dizem que serão necessárias mais provas antes de considerar que o GDL seja um praguicida viável.

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