Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

22 de julho de 2009

Desertec: A electricidade vinda do Sara



Projecto Desertec: Amplie a imagem (clique) para ler as legendas


O Desertec é um projecto enorme de obtenção de energia solar no Sara para a União Europeia, o Médio Oriente e o Norte de África (EUMENA, das siglas em inglês).


Este é um projecto já aprovado, que conta com empresas como a Siemens ou o Deutsche Bank, e com um orçamento de 400 mil milhões de euros, o que faz com que muitos o acusem de megalómano e não realista.


O Desertec possui um site bastante explicativo do projecto, que recomendo, onde indicam, entre muitos outros dados, que os desertos do mundo recebem cada 6 horas mais energia solar do que a que a humanidade toda consome cada ano. Aliás, podem verificar na imagem inicial, obtida do site da Desertec, qual a superfície estimada de deserto necessária para obter a energia total utilizada pela humanidade, ou pelos Estados Unidos, ou pela EUMENA, entre outros.


Obviamente não podem ser feitas plantas tão grandes, nem estrategicamente seria aconselhável, mas dá uma ideia audaz do reservatório de energia que é o deserto.


A intenção é fazer muitas plantas solares distribuídas por várias zonas de vários países do deserto. O financiamento e a direcção seriam fundamentalmente europeias (alemãs principalmente), mas a distribuição de energia seria para todos os países do projecto, e a intenção é obter 15% da energia da EUMENA a partir do projecto Desertec em 2050.


Podem obter aqui o Livro Vermelho do projecto Desertec, em PDF em inglês. 

21 de julho de 2009

Libélulas migratórias: 15.000 Quilómetros de viagem

Pantala flavescens, a libélula que realiza a maior migração dos insectos


Foi encontrada a maior rota de migração de insectos conhecida até agora: Milhões de libélulas Pantala flavescens (também há representantes de outras espécies, mas quase todas são desta) migram desde o sul da Índia até África, passando pelas Maldivas e pelas Seychelles.


O biólogo Charles Anderson publicou informação sobre esta migração recentemente em Journal of Tropical Ecology, uma prestigiosa revista científica.


Segundo as suas investigações, estes insectos aproveitam os ventos dominantes na época imediatamente anterior ao monção (os habitantes das Maldivas interpretam a chegada das libélulas como o anúncio da iminência dos monções) para  iniciar uma grande migração procurando zonas húmidas onde se poderem reproduzir.


Durante a viagem chegam a atingir altitudes superiores aos 6 quilómetros (mais do que nenhuma outra espécie conhecida), e a viagem completa de ida e volta supõe 4 gerações de libélulas.


É extraordinário o facto de que, tendo havido registos anuais da aparição das libélulas nessas zonas, no entanto desconhecia-se e nunca se tinha estudado a sua procedência, porque não parecia credível uma viagem transoceânica dessa magnitude para as libélulas.


Noticia desenvolvida na BBC.



3 de julho de 2009

A planta mentirosa

Folha comida por larvas (esquerda) e outra variegada pela própria planta (direita)


Encontraram no Equador uma planta, Caladium steudneriifolium, que finge estar doente para enganar os seus predadores.


Os insectos cujas larvas comem as suas folhas preferem as folhas saudáveis e verdes para pôr os seus ovos, uma vez que as folhas variegadas (com aspecto de doentes, com manchas e riscos) devem ter menos nutrientes, porque já devem ter sido comidas por outras larvas(as manchas produzidas pelas larvas quando comem as folhas são muito parecidas a esta variegação).


Na teoria isto é mesmo assim. Na prática, esta planta simula a doença, apresentando variegação nas folhas, conseguindo assim não sofrer o ataque dos insectos.


Sigrid Liede-Schumann e os seus colegas Ulf Soltau e Stefan Dotterl, da Universidade de Bayreuth na Alemanha, estavam a investigar a vegetação nessa zona do Equador quando repararam que algumas Caladium steudneriifolium verdes viam-se muito atacadas pelos insectos, enquanto outras da mesma espécie, que apresentavam variegação, apenas estavam infectadas.


Fizeram experimentos para comprovar isto, como pintar algumas folhas simulando variegação, e, após 3 meses de estudo, chegaram a este surpreendente resultado: Apesar de que na teoria a variegação é desfavorável para a planta, uma vez que reduz a superfície disponível para fazer a fotossíntese, na realidade, o dano produzido pelos insectos nas folhas verdes é mais prejudicial ainda, sendo que portanto a variegação representa uma vantagem evolutiva nas zonas onde existam estes insectos.


Este descobrimento foi publicado no número de Março da revista Evolutionary Ecology.


Ver mais na BBC