Aureus

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8 de abril de 2009

Coral negro: O mais antigo organismo marinho vivo


Coral negro, um organismo vivo com mais de 4.000 anos

Investigadores do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL) dos Estados Unidos, da Universidade de Stanford e da Universidade da Califórnia em Santa Cruz encontraram dois grupos de corais de alto mar no Hawaii muito mais velhos do que todos os anteriormente registados.

Coral Dourado
Aliás, estes corais, encontrados a cerca de 400 metros da costa das ilhas havaianas, podem ser os mais antigos organismos vivos marinhos conhecidos.

Os investigadores Tom Guilderson e Stewart Fallon utilizaram a datação com carbono 14, para determinar as idades de Geradia sp. (coral dourado), assim como espécimes de coral negro de águas profundas, Leiopathes sp. A maior idade determinada foi de, respectivamente, 2.740 anos e 4.270 anos.

Com mais de 4000 anos, os corais negros de águas profundas são o mais antigo organismo marinho conhecido. E, para bem do nosso conhecimento, o mais velho organismo colonial encontrado até agora, disse Guilderson. Com base no carbono 14, os pólipos vivos têm apenas alguns anos, ou pelo menos o seu carbono como matéria viva, mas eles têm sido constantemente substituídos ao longo de séculos ou milénios, enquanto iam crescendo os seus esqueletos por baixo.

A técnica do carbono 14 é a ferramenta geocronológica mais utilizada para os últimos 50.000 anos, e os estudos com esta técnica em corais dourados do Atlântico e do Pacífico tinham determinado para estes corais idades entre 1.800 e 2.740 anos, mas alguns biólogos duvidavam de que não pudesse haver corais novos sobre outros sedimentos mais velhos.

Para responder a estas questões, o grupo analisou não só pólipos (os animais vivos que compõem os corais), mas ramos de alguns especímenes. Os animais vivos tiveram a mesma concentração de carbono 14 do que a água superficial, o que demonstra que o carbono foi fotossintetizado recentemente na superfície antes de ser “comido” pelos pólipos. O esqueleto (ramo do coral) mostra uma concentração de carbono 14 que se assemelha à que tinha a superfície da água desde o final dos anos 1950, quando os testes de armas nucleares aumentaram a abundância natural do carbono 14 na atmosfera.

A taxa de crescimento radial, durante os últimos 50 anos, é semelhante à taxa de crescimento nos 300 anos anteriores dos ramos, e é consistente também com as verificadas em muitas amostras fósseis. Aliás, é semelhante para todas as amostras analisadas. No coral dourado, determinou-se que um ramo de 11 milímetros de rádio tem uns 900 anos, enquanto um com 38 mm. de rádio atinge aproximadamente 2.700 anos.

Estas idades indicam uma longevidade muito superior à de estimativas anteriores, disse Guilderson. E só analisaram alguns ramos, pelo que não pode ser determinada a idade do indivíduo completo.

Os corais de alto mar do Hawaii enfrentam ameaças directas e imediatas, como a recolha de corais para jóias e a pesca com arrastões de fundo, para além de que a estreita relação dos corais com a superfície do mar faz com que estes se vejam rapidamente afectados por mudanças nesta, tanto naturais como as provocadas pelo homem, como a acidificação dos oceanos, o aumento da temperatura ou outros, pelo que se encontram em grave perigo.

A antiguidade do coral é mais um motivo para reforçar a protecção dos habitats do alto mar, que tanto se desrespeita muitas vezes, especialmente em águas internacionais.

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2 comentários:

  1. Encontrei um artigo (prometo que vou reecontralo de novo) sobre os efeitos dos protetores solar para a pele e cabelos, nas agua do oceano e principalmente nas alterações nas comunidades de coral... o que seria uma pena, perder organismos tão "matusalenianos" que poderiam nos ensinar tanto sobre longevidade...

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  2. Esse tipo de coisas (os diversos produtos que atiramos para o mar, assumindo que é infinito e nada o vai afetar) é importante, avisa quando o encontrares.
    Obrigado pelo comentário.

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