Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

27 de junho de 2009

A origem da vida: Agua e... lava

Vulcões, a outra fonte de vida


Os astrónomos procuravam novos planetas habitáveis tendo em conta o seu tamanho e temperatura. O que era fundamental era que se dessem as condições como para que houvesse água em estado líquido.


Mas, segundo o científico Rory Barnes da Universidade de Washington, em Seattle, o problema não é tão simples. No próximo número de The Astrophysical Journal Letters, ele e a sua equipa indicam que terão de ser introduzidos os vulcões na equação.


O excesso de actividade vulcânica, tanto como a sua falta, podem impedir que existam as condições para a vida. Nos primórdios da Terra, as erupções vulcânicas expulsaram à atmosfera CO2 e vapor de água que se encontravam no subsolo profundo, e que foi fundamental para que pudesse haver, por exemplo, fotossíntese.


Marte, por exemplo, excessivamente inactivo, não consegue suportar vida por falta desses elementos na atmosfera (mesmo que tivesse água). Io, a lua de Júpiter, também não poderia, pelo motivo contrário: A atracção gravitacional ou força de mareia do seu gigante planeta e dos satélites vizinhos, faz com que os seus vulcões se encontrem praticamente em constante erupção, de maneira que aproximadamente cada milhão de anos a superfície completa do satélite se encontra coberta de lava fresca. Evidentemente, a vida não se pode desenvolver nestas condições.


A equipa de investigadores aplicou esta teoria a um planeta extra-solar que estavam a investigar: o GJ 581 d, descoberto em 2007, e que se encontra a uns 20 anos-luz da Terra. Seguindo a teoria tradicional, poderia ter desenvolvido vida: É um planeta rochoso com uma distância aceitável até a sua estrela como para possuir água líquida. Mas estudando a sua órbita descobriram que está influenciada por forças de mareia, provavelmente de planetas vizinhos para além da sua estrela, mas estas forças não devem ser suficientemente fortes como para provocar a actividade vulcânica necessária para o aparecimento da vida.


Assim, existe agora mais uma variável na definição de habitável para qualquer exoplaneta. E, segundo Barnes:
"É interessante descobrir como, sem ter dados da sua composição, começamos a perceber o interior dos exoplanetas."
Ver mais em Science


22 de junho de 2009

O ser vivo mais velho: Bactéria com 120.000 anos


A bactéria viveu aquí, na Gronelândia, durante 120.000 anos, a 3 Km. de profundidade

Um grupo de científicos da Universidade Estatal de Pennsylvania encontraram una bactéria viva, sepultada a três quilómetros de profundidade no gelo, num glaciar da Gronelândia, desde há 120.000 anos.

A bactéria, pertencente a uma nova espécie, à que chamaram Herminiimonas glacei é minúscula (0,043 micrómetros cúbicos, umas 50 vezes mais pequena do que a nossa conhecida bactéria intestinal Escherichia coli), tecnicamente é uma ultra-micro-bactéria, e o seu tamanho, junto com a sua capacidade de viver em ambientes com muito pouco oxigénio, a sua alta resistência ao frio, e a sua capacidade de diminuir notavelmente o seu metabolismo quando há poucos nutrientes, permitiram-lhe sobreviver neste ambiente durante este tempo, mesmo com todas as suas funções vitais reduzidas ao mínimo e processando-se terrivelmente devagar.

Os investigadores acham que a bactéria só se reproduzia cada algumas centenas ou inclusive milhares de anos, mas, depois de a manter primeiro seis meses a 2 graus e depois mais de 4 meses a 5 graus, começou a reproduzir-se mais rapidamente, formando colónias. E, aumentando a temperatura até os 18 graus, a bactéria sobreviveu e manteve a sua actividade, o que indica que pode viver em ambientes bem diferentes daquele em que a encontraram.

Este descobrimento ganha maior importância quando temos em conta que as condições nas que vivia são relativamente semelhantes às que se podem encontrar nos pólos de Marte, ou no oceano congelado de Europa (satélite de Júpiter), fazendo com que as especulações sobre encontrar vida fora da Terra tenham ganho um novo argumento.


Ver mais no DN Ciência

19 de junho de 2009

Os bebés mais esquisitos:


Bebé de macaco de cauda cortada

Mais uma vez agradeço a Ojo Científico, neste caso o descobrimento de um site espectacular, environmental graffiti, do que, neste caso, trago estas excepcionais fotografias. Podemos gostar ou não, uns parecem-nos muito fofos e outros tal vez horríveis (para o nosso gosto). Mas todos eles representam de alguma maneira o futuro, são as novas gerações de alguns animais. Divirtam-se.

Bebés de sagui pigmeu
Um bebé de castor
Um texuguinho
Um morcego bebé
O lindo e simpático bebé de aye-aye
Uns ouricinhos
Uma toupeira rescém nascida
Uns mini - ornitorrincos
uma equidna "minúscula"
Um bebé de canguru
Um corcodilo saindo do ovo
Um bebé de orangotango
E, para acabar, um vídeo de focas bebé:

Riversimple Hydrogen: Carro eléctrico a hidrogénio e open source


Riversimple Hydrogen: Eléctrico, a hidrogénio, e open source

A empresa britânica Riversimple Default.aspx apresentou recentemente em Londres um novo veículo eléctrico com propulsão a hidrogénio, o Riversimple Hydrogen, ligando-o a um outro conceito ainda mais inovador: será "de código aberto". Ou seja, todos os pormenores do projecto serão doados à organização sem ânimo de lucro 40 Fires Foundation, e serão publicados na Internet, de maneira a que qualquer pequena empresa possa fabricar a sua própria versão introduzindo as melhoras ou alterações que julgue convenientes.

A ideia é que compartindo estas alterações que possam ir aparecendo pelos vários lugares, se consiga melhorar bastante o carro em pouco tempo, para além de que localmente poderão ser adaptadas versões específicas, com peças ou materiais locais. Seria como o Linux dos carros, qualquer fabricante poderá descarregar o projecto da Internet e produzi-lo, sem pagar nada por isso.

O modelo agora apresentado atinge os 80 Km/hora, e tem uma autonomia de 322 quilómetros para um depósito de uma quilograma, que contem uns 3 litros de hidrogénio (ou seja, apresenta um consumo aproximado de 106 quilómetros por litro). Está construído com materiais leves, apresentando um peso de somente 350 quilogramas.

A aceleração é de 0 a 50 quilómetros / hora em 5,5 segundos, graças a um sistema de células de combustível de 6 KW, da Horizon Fuel Cell Technologies, que utiliza ultra-condensadores e que recupera o 60% da energia dispendida na travagem, alimentando motores eléctricos em cada uma das 4 rodas. Os ultra-condensadores armazenam uma grande quantidade de energia eléctrica, que conseguem libertar quase instantaneamente, para produzir a aceleração necessária.

A previsão é de que o carro seja comercializado a partir de 2013, mesmo que o que ainda está em falta (e pretendem conseguir cidade a cidade, em cada uma das que fabriquem e comercializem o carro) é conseguir uma infra-estrutura suficiente para o fornecimento de combustível.

A empresa Riversimple foi fundada em 1999 pelo ex-piloto de corridas Hugo Spowers, e é apoiada pela Porsche.

Podem ver uma apresentação no vídeo a continuação:



Ver mais em The guardian ou na BBC.

17 de junho de 2009

Morte doce para as Térmitas


Espectacular fotografia de térmitas com a sua rainha. Faça clic para ampliar.

O sistema imunológico activa-se quando o corpo de alguma maneira nota que foi invadido. Isto é verdade tanto nos seres humanos, como em outros animais, incluindo os insectos. E no caso específico dos insectos, o sistema imunológico põe-se em andamento quando umas enzimas (proteínas de união de bactérias Gram-negativas, GNBPs, pelas suas iniciais em inglês) unem-se às moléculas de açúcar das paredes celulares das bactérias e fungos.

Os ninhos de térmitas deveriam ser um paraíso para os agentes patogénicos, dadas as suas características específicas: São húmidos, quentes, e recheados de seres vivos amontoados (as térmitas). No entanto, as colónias destes insectos devoradores de madeira raramente sucumbem às epidemias, e agora uns investigadores descobriram uma razão para isto: As térmitas produzem uma enzima antibiótica que espalham pelos seus corpos e pelas paredes dos seus ninhos. Esta equipa encontrou uma maneira simples de bloquear esta defesa, um descobrimento que pode ser útil para controlar "naturalmente" as pragas de térmitas.

Enquanto estudava a evolução das GNBPs nas térmitas, o ecologista molecular Marcos Bulmer, da Universidade Towson em Maryland, pensou que a função destas proteínas poderia não ser só a de activar o alarme imunológico. E apercebeu-se de que, de acordo com a sua estrutura, a GNBP das térmitas deveria ser capaz de digerir as moléculas de açúcar (glucanos, ou polímeros de glucose) dos invasores, destruindo ou danificando directamente os próprios micróbios, para além de activar a resposta do sistema imunológico.

Investigou esta ideia em conjunto com um grupo de científicos, e purificaram uma GNBP da térmita tropical Nasutitermes corniger, e conseguiram demonstrar que, diferentemente das GNBPs encontradas até agora em outros insectos, esta é uma enzima que degrada o glucano. As GNBPs das térmitas atacaram as paredes celulares de bactérias e fungos, deixando-as mais permeáveis e susceptíveis aos ataques doutros agentes anti-microbianos (a restante resposta imune). O efeito foi tão potente que o extracto de um só insecto foi suficiente para matar a centenas de esporos de fungos, segundo publicaram estes investigadores recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Analisando a estrutura da GNBP, os investigadores demonstraram que uma molécula simples, o GDL, um derivado de açúcar, poderia inibir o seu funcionamento: Com a GNBP inibida com GDL, as térmitas adoeciam e morriam com muita mais facilidade perante qualquer infecção.

O GDL é barato e não é tóxico - inclusive é utilizado como aditivo alimentar - e os investigadores estão agora à procura da maneira de o introduzir em tintas, ou na madeira, ou criar iscos para o poder proporcionar às térmitas.

De todas as maneiras, há científicos que, mesmo pensando que a ideia é muito positiva, dizem que serão necessárias mais provas antes de considerar que o GDL seja um praguicida viável.

Ver mais em Science

16 de junho de 2009

Descobertos novos fósseis de equinodermos na Saragoça (Espanha)


Dois dos fósseis de Gogia encontrados em Murero

Já falamos aqui algumas vezes da Pangeia, o supercontinente único, o qual se foi separando em grandes blocos até chegar aos actuais continentes, por deriva continental. Mas a Pangeia era a situação no Mesozóico, há 200 milhões de anos.

O mundo fóssil atinge muito mais tempo, falando-nos de seres que viviam num mundo anterior a este, quando existiam outros continentes diferentes, dos quais ficam ainda algumas partes que continuam à superfície, ou que estão agora fora do mar e nessa época eram fundos submarinos. Os fósseis dessas zonas são os mais antigos, logicamente. E em sedimentos desse tipo, com mais de 500 milhões de anos, encontraram-se agora novos fósseis, na jazida de Murero, em Saragoça (Espanha).

Esta jazida já é muito conhecida pela quantidade e qualidade de fósseis de trilobites (animais típicos do Cambriano) que possuem. Os fósseis encontrados agora, por uma equipa de investigadores da Universidade de Saragoça, pertencem ao filo dos equinodermos (dos que os mais destacados membros actuais são as estrelas e os ouriços de mar), e encontraram-se representantes de duas novas espécies num estado de conservação excelente. Estas espécies, da família Gogia, baptizaram-se como Gogia parsleyi e Gogia sp. (esta última ainda em investigação).

Ambas pertencem à classe eocrinoidea (classe extinta), extremamente raros no registo fóssil do Cambriano, e que ainda são os mais antigos encontrados no que era o continente de Gondwana até este momento, o que faz supor que pode ter havido uma rápida migração desde o desaparecido continente de Laurentia (onde sim se encontraram mais antigos). Parecem ter um corpo globular, mas com uma grande coroa de braços flexíveis.

Os investigadores supõem que estes seres viviam em alto mar, em zonas com águas tranquilas com alguma trovoada ocasional, em solos de lamas, e colados a bocados de trilobites para não se afundar.

Este descobrimento considera-se muito importante dentro da investigação geral sobre o grande e rápido aumento de seres vivos deste período.

Este achado foi publicado na revista Acta Paleontologica Polonica.

Ver mais em El Mundo

15 de junho de 2009

Fato de tarântula: leve, flexível e muito resistente


Ninho de tarântula, no que se podem apreciar os seus fios

A teia das aranhas é leve, muito elástica e mais resistente do que o aço. Mas até agora não se conseguiu produzir artificialmente, nem manter grandes grupos de aranhas juntas em cativeiro para aproveitar o fio, como se faz com os bichos-da-seda.

Isto acontece em boa medida por causa da agressividade das aranhas, que começam a se comer umas às outras quando se encontram próximas umas das outras.

Agora, há um grupo de investigadores ingleses que pretende estudar especificamente um grupo de aranhas, as tarântulas, para ver se obtêm melhores resultados, uma vez que este grupo ainda não foi estudado.

As tarântulas, animais que vivem na sua maioria na América Central e do Sul, separaram-se evolutivamente das restantes aranhas há algumas centenas de milhões de anos, pelo que é provável, consideram os investigadores, que a sua teia e / ou o seu processo de fabrico sejam diferentes dos das aranhas comuns, com as que os científicos não conseguiram resultados até agora.

As tarântulas são as maiores aranhas conhecidas, e o seu grupo, com mais de 900 espécies descobertas, distingue-se, para além do tamanho e forte veneno, por causa do seu ritual de acasalamento no que as fêmeas comem os machos.

Podem ver na BBC um vídeo que visa demonstrar a táctica utilizada pelos investigadores para tentar descobrir os secretos da teia de tarântula. Se o conseguissem, as suas aplicações iniciais seriam provavelmente o fio médico de sutura e telas para roupas, mas haveria muitas outras aplicações para este tecido com tantas propriedades positivas.

Ainda, podem apreciar a estes animais neste pequeno vídeo da National Geographic sobre a tarântula gigante:




4 de junho de 2009

O imperio (Microsoft) contra-ataca


O imperio Microsoft contra-ataca...

A Google apresenta o Wave no Google I/O 2009, nos dias 27 e 28 de Maio, no Moscone Center de San Francisco. É um novo conceito de unificação de pesquisas, e-mail e mensagens instantâneas, com o que a Google quer dominar (ainda mais) este mercado.

Por outro lado, a Nintendo vende 50 milhões de consolas WII enquanto a Microsoft vende 30 milhões de xBox.

Alguém fica nervoso em Redmond, e num só dia, o 2 de Junho, da parte da manhã, a Microsoft lança (tinha-o anunciado somente uns dias antes) o Bing, o seu novo motor de pesquisa, substituindo o triste Live Search, que nunca funcionou demasiado bem. E no mesmo dia, da parte da tarde, no E3, o maior congresso de videojogos do mundo, anuncia o seu novo projecto de consola: o projecto Natal.

E com isto tudo, não se sabe se vai conseguir superar à Google ou à Nintendo, mas pelo menos já conseguiu obter publicidade quando menos se estava a falar dela.

O Bing (supostamente o som da campainha quando se encontra alguma coisa) vai permitir, segundo a Microsoft, uma melhor toma de decisões, mais organizadas e focadas em compras, viagens, saúde e informação local.

Para isso tem uma série de opções que fazem que o seu funcionamento seja diferente do da Google. No entanto, ainda não temos a certeza de como vai ser o Google Wave. Mas a Microsoft já decidiu gastar 100 milhões de dólares em publicidade para o Bing, segundo algumas fontes, o que necessariamente lhe vai dar pelo menos visibilidade inicial.

O projecto Natal, por outro lado, é um sistema, adaptado à xBox 360, que cria uma nova realidade, para além do comando interactivo da WII: desaparece o comando.

Instala-se perto da televisão um aparelho, ligado à xBox 360, que inclui uma câmara de vídeo de alta definição, microfone com selecção múltipla, sensores e um processador, e este aparelho vai permitir reconhecer os movimentos e inclusive a voz dos jogadores (identificando a de cada um por separado), fazendo assim com que os próprios movimentos do jogador sejam replicados no jogo (ou seja, no ecrã da televisão).

Podem apreciar esta nova plataforma (por enquanto sem data prevista de lançamento) no vídeo a continuação.


3 de junho de 2009

Tomates encapsulados para o colesterol


Cápsulas de Ateronon, tomate contra o colesterol

A empresa de biotecnologia britânica Cambridge Theranostics desenvolveu uma pílula feita com extractos de tomate, que parece ser extremamente benéfica na redução do colesterol LDL (Low-density Lipoprotein, o que normalmente conhecemos como colesterol mau).

Estas pílulas, baptizadas com o nome de Ateronon, são comercializadas como suplemento alimentar, indicando que contém um ingrediente activo da dieta mediterrânica.

Este ingrediente na realidade é o licopeno, um carotenóide responsável pela cor vermelha do tomate e da melancia, que também existe em outros vegetais, mas em menores quantidades. No caso, é extraído do tomate.

Já se sabia que o licopeno é um forte antioxidante, muito benéfico para a saúde também por outros motivos, como a sua importância contra alguns cancros, ou retrasando o envelhecimento das células. Ainda, é usado como corante na indústria alimentar, sendo apreciado por não se diluir em água e ser natural (na União Europeia é o E-160d).

A explicação que dão para o êxito da sua fórmula, é que o licopeno em estado natural encontra-se formando grandes cristais, que não podem ser absorvidos pelo nosso organismo. E os científicos de Cambridge Theranostics encontraram uma maneira de quebrar esses cristais, fazendo com que o licopeno das pílulas seja facilmente absorvido, podendo assim beneficiar-nos dos seus saudáveis efeitos.

A recomendação do fabricante é uma cápsula por dia, e, segundo os resultados obtidos até agora nos estudos, a sua eficácia é superior à das estatinas, as substâncias normalmente recomendadas até agora para reduzir o colesterol 

Ver mais no Jornal da Ciência

2 de junho de 2009

O espermatozóide artificial: Nanotransportador magnético


Fotografía do nanotransportador magnético, que permite comparar o seu tamanho com o do espermatozóide por baixo

Para muitas aplicações biomédicas, como a administração selectiva de fármacos ou a microcirurgia, é muito importante conseguir um transportador eficaz, suficientemente pequeno e propulsado externamente, sem fios.

Este é o trabalho desenvolvido por Peer Fischer e Ambarish Gosh, do Instituto Rowland da Universidade de Harvard, e publicado na revista de nanotecnología Nano Letters.

Primeiro, decidiram que para que um minúsculo objecto nadase num meio de grande viscosidade, o formato adequado devia ser semelhante aos flagelos celulares, uma estrutura helicoidal, uma coisa semelhante a um saca-rolhas. Depois, devia ser propulsado e dirigido de alguma maneira externa ao próprio transportador.

Os líquidos normais para os que se prevê a sua utilização, como o sangue, possuem grande viscosidade na escala nanométrica. Segundo Fischer, mexer-se neles é como tentar nadar numa piscina de asfalto num dia de muito calor.

A solução à que chegaram foi cobrir uma pequena bolacha de silício com pérolas de vidro, tudo em tamanhos nanométricos, e depois depositar vapor de dióxido de silício por cima, enquanto giravam a bolacha, formando assim a comprida cauda espiral que podemos ver na fotografia.

Finalmente, uma vez que o dióxido de silício solidificou, cobre-se uma das pontas do nanopropulsor com cobalto, para ter depois o metal magnético necessário para poder propulsa-lo mediante campos magnéticos (com íman).

Aplicando campos magnéticos e fazendo-os girar, faz-se girar a hélice, e movendo os campos magnéticos tridimensionalmente pode-se conduzir eficazmente o nanopropulsor.

Estes transportadores, com aspecto de espermatozóide, têm uma cabeça esférica de entre 0,2 e 0,3 micrómetros de diâmetro, e a cauda helicoidal mede entre 1 e 2 micrómetros de comprimento, ou seja, um espermatozóide é mais de 10 vezes maior do que o transportador (um micrómetro é a milésima parte de um milímetro, e corresponde a 1000 nanómetros).

No entanto, estes transportadores já conseguiram transportar um bocado de silício de 1000 vezes o seu tamanho e mover-se a uma velocidade de até 40 micrómetros por segundo.

A alternativa são os nanobots como o da fotografía, com a sua própria fonte de energía, mas muito maiores

A investigação agora se vai desenvolver com o objectivo de conseguir que efectivamente possa transportar produtos químicos, empurrar cargas, e actuar como sonda local nas medidas reologicas (medidas de viscosidade e fluidez dos líquidos).

Ver mais em New Scientist

1 de junho de 2009

A pele: ecossitema bacteriano

A pele: ecossistema para diferentes espécies de bactérias

Temos 10 vezes mais bactérias a viver no nosso corpo do que células ele tem. De todas as maneiras, as bactérias que vivem na nossa pele estão pouco e mal catalogadas, só havia estudos realizados a partir de raspados e culturas de pele de voluntários, mas estes estudos obtinham resultados alterados, dependendo da capacidade de cada tipo de bactéria de crescer no ambiente do laboratório.

Depois, com o desenvolvimento de novas técnicas de sequenciação genética, conseguiu-se identificar uma grande variedade de bactérias na nossa pele. Mas, até agora, não se tinha investigado sistematicamente a variabilidade bacteriana na pele das diferentes zonas do corpo.

E a maior diversidade bacteriana na nossa pele foi encontrada na parte externa do antebraço, não noutras zonas que consideraríamos mais evidentes, o que surpreendeu os investigadores.

O estudo agora realizado por investigadores do National Human Genome Research Institute (NHGRI) de Bethesda, Maryland, Estados Unidos, consistiu em observar 10 voluntários, que deviam lavar-se com um sabão suave durante uma semana, e depois passar 24 horas sem se lavar e apresentar-se no laboratório.

Foram recolhidas amostras deles, de 20 diferentes partes do corpo, para proceder à análise ribosómica das mesmas, técnica muito mais eficaz do que as antigos culturas de laboratório, que classifica os grupos bacterianos segundo diferenciações genéticas.

Este estudo encontrou umas 1000 espécies no total (uma variedade semelhante ou superior à que mantemos no intestino, entre 500 e 1000 espécies), sendo mais ou menos as mesmas e nas mesmas zonas em todos os voluntários, mas diferentes entre umas zonas e outras. Descobriu-se também que zonas mais gordurosas, como a testa ou o couro cabeludo, mantêm uma diversidade menor, sendo a zona com menor variedade bacteriana a zona por trás da orelha, e a de maior diversidade, como já tinha sido dito, a parte externa do antebraço.

O seguimento de alguns dos voluntários levou também à conclusão de que as espécies presentes mudam muito pouco no tempo (são sempre mais ou menos as mesmas).

Não se conhece ainda o motivo pelo que há zonas com mais ou menos diversidade, supondo-se que tenha a ver com características da pele como o cabelo ou a gordura, mas do que não ficam dúvidas é de que a nossa pele conforma para as bactérias um ecossistema com distribuição diferenciada por zonas.

A intenção dos científicos é aprofundar na investigação, com o intuito de encontrar a relação que possa haver entre determinadas espécies bacterianas e doenças da pele como o eczema ou a psoríase.
Ver mais em Science