Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
Lembrem-se que eu escrevo a estrutura, mas a vida do blog, o movimento, são os vossos comentários. Façam-os. Qualquer coisa que queiram, fico à vossa disposição.

28 de abril de 2009

A gripe (suína, humana, das aves), o que é?


O vírus da gripe, o Influenzavirus

Vou tentar dar uma explicação simples e acessível a todos sobre o que é este vírus. Quem queira aprofundar neste tema, tem informações científicas relevantes em outros sites, e recomendo começar pela wikipedia e seguir os seus links, e um muito bom artigo em espanhol que encontrei no Museo de la Ciencia. A quem quiser noticias sobre a actual epidemia no México, recomendo-lhe os jornais.

A gripe, ou influenza, é uma doença infecciosa causada por um vírus. Há três géneros de vírus que causam a gripe, o Influenzavirus A, o Influenzavirus B e o Influenzavirus C.

O B é pouco frequente e afecta quase só aos humanos, e de forma ligeira. O C é ainda menos frequente, encontra-se em humanos e porcos, e é muito leve para os humanos (para os porcos pode ser grave). Portanto, quando falamos de sérios problemas com a gripe, sempre estamos a falar de Influenzavirus A.

Este vírus supõe-se que se originou nas aves aquáticas selvagens, e depois foi-se transmitindo a alguns mamíferos (homem, porco, cavalo, cão…).

Existem duas grandes moléculas na parte exterior do vírus com una importância especial: a hemaglutinina (H) e a neuraminidasa (N). Ambas cobrem boa parte da superfície do vírus, e são muito importantes para ele, porque a H é a responsável de que o vírus se possa fixar às células do organismo, começando o processo de infecção, e a N é a responsável por, no fim do ciclo, libertar o novo vírus da célula hospedeira para ir à procura da seguinte.

São também muito importantes para nós porque são estas as moléculas que os anticorpos reconhecem, conseguindo assim destruir o vírus. Sempre que tenhamos anticorpos específicos para elas, claro.

Mas estas moléculas mudam muito, com muita facilidade, tendo várias formas reconhecíveis pelos científicos, que especificam assim o tipo de vírus: H1N1 é o actual da gripe suína, H5N1 foi o da última gripe das aves. A mais devastadora das epidemias até agora, a gripe espanhola, era também H1N1. Os números referem-se aos diferentes tipos de H e de N, e até agora conhecem-se do H1 ao H16 e do N1 ao N9.

E inclusive dentro destes subtipos, pequenas variações neles fazem que os anticorpos já não os reconheçam, fazendo necessária uma nova vacinação praticamente para cada nova gripe, mesmo que a nova apresente os mesmos subtipos H e N que a anterior.

Estes subtipos de vírus (e outras variações nos vírus) costumam estar bastante fixados a uma espécie animal específica, sendo que normalmente não são transmissíveis de uma espécie a outra. Ainda, só nas aves é que se encontram todos os subtipos H e N, enquanto que os mamíferos que também apanham gripe o fazem sempre com alguns subtipos específicos para cada espécie.

Mas existem as excepções: Há casos em que determinado vírus de uma espécie passa a outra espécie, infectando os elementos dessa espécie a partir do animal inicial (sem que haja contágios entre membros da mesma espécie). Há casos também, mais invulgares, em que o vírus que muda de espécie ainda pode ser contagiado entre membros da nova espécie. E ainda há casos, muito invulgares, em que não só acontece isto, mas ainda o seu poder de infecção é grande (este último também muda, e muito de uma gripe a outra, inclusive com os mesmos H e N).

Neste último caso, no México, o que se suspeita (sem confirmação por enquanto) é que um vírus de gripe de ave e um vírus de gripe humano contaminaram simultaneamente algum porco. E, dentro deste, ao reproduzirem-se os vírus, misturaram-se (recombinaram) umas partes de um vírus com outras do outro, obtendo um novo tipo que pelos vistos passou às pessoas, contagia-se entre elas, y produz infecções graves.

Não vale a pena ser alarmista. É uma gripe, e isso nos países à nossa volta não costuma ser grave (com excepções, claro. E em outros países, dependendo do seu nível sanitário e económico, pode ser de outra maneira). E, se considerar-mos a possibilidade de contágio ou se supomos a proximidade de afectados, convêm extremar a higiene e minimizar os contactos. E prestar atenção aos sintomas (os mesmos que todas as gripes habituais), e, no caso de ficar-mos com dúvidas, ir ao médico: o tratamento inicial, também neste caso, é muito mais efectivo do que o que se possa vir a realizar com a infecção avançada.

Qualquer dúvida ou comentário que queiram fazer, não duvidem, façam-no, tentarei responder.

3 comentários:

  1. Qual a similaridade genética entre a gripe suína e a sazonal?

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  2. Olá, Claudia.
    A gripe H1N1, ou suína, é mais uma gripe. Se tivesse aparecido em outra altura do ano, poderia ter-se chamado sazonal. Todos os anos a gripe sazonal é diferente geneticamente da do ano anterior, tanto quanto poderia ser do da H1N1, provavelmente.
    Esta última é mais perigosa fundamentalmente por um só (e não é pouco) motivo: Ao ser em outra época, não temos ainda a vacina preparada, pelo que para os grupos de risco (pessoas com doenças respiratórias, etc.) pode ser até mortal. A gripe sazonal também o seria, se não tivessem a vacina. E, ainda, como vai estar "espalhada" mais tempo do habitual (até acabar o inverno no hemisfério norte, suponho), existem mais hipóteses de que o vírus mude, fazendo novamente inútil a vacina.

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  3. oi meu nome é RODRIGO, estou no penultimo ano de biologia e descobri sem querer seu blog.E nao posso deixar de comentar...seu blog é otimo,meus parabens, as materias sao muito boas, todas com base cientifica. Quando começo a ler uma materia, vicia, e dae vem outra e mais outra...rs....poderia passar o dia todo lendo... parabens mesmo...

    contato: rodrigo_fernandes.uba@hotmail.com

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