Aureus

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15 de maio de 2009

Curam macacos diabéticos com pâncreas de porco


Macaco comedor de caranguejos (Macaca fascicularis), espécie na que se fez a investigação

Um grupo de científicos do Instituto Científico Weizmann de Israel transplantou com êxito pâncreas de embriões de porcos em macacos diabéticos, e quatro meses depois os macacos estavam curados.

O grande feito foi evitar a rejeição aguda típica dos xenotransplantes (transplantes de órgãos doutra espécie), e a maneira na que o conseguiram foi precisamente a utilização de pâncreas embrionários.

Segundo Yair Reisner, imunologista que chefiava a equipa, A possibilidade de uma rejeição é muito menor com embriões.

A ideia surgiu a partir da observação evidente de que o feto não é rejeitado geralmente no útero materno. A partir desse dado desenvolveram a investigação.

Segundo publicaram recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o processo foi o que segue: Obtiveram embriões de porco com 42 dias, dos que extraíram tecido pancreático, que implantaram em dois macacos comedores de caranguejos (primatas da espécie Macaca fascicularis), uns 60 fragmentos de perto de um milímetro de tamanho no abdómen de cada um. A estes primatas previamente tinha-lhes sido induzida diabetes.

Desenvolvimento de vasos sanguíneos à volta dos implantes (foto de PNAS)

Os investigadores assinalam que, como se trata de tecido embrionário, o organismo dos macacos desenvolveu vasos sanguíneos próprios para regar estes órgãos, o que diminuiu muito a habitual reacção de rejeição.

Mesmo assim, a possibilidade de rejeição existia, pelo que foram-lhes administradas grandes quantidades de imunossupresores. Este foi, segundo os investigadores, o motivo da morte dos dois macacos aos três meses do início do experimento, pelo que o repetiram com outros dois, mas reduzindo a dose, e funcionou: Os macacos continuaram a viver perfeitamente até um ano depois do transplante, e a partir do quarto mês deixaram de precisar que lhes administrassem insulina, uma vez que já a conseguiam produzir eles.

O pâncreas, o produtor da insulina. A sua falta provoca diabetes.

Evidentemente são técnicas novas que precisam de aperfeiçoamento, mas há muitas esperanças de que este tipo de intervenção possa chegar a ser aplicada em humanos, solucionando ou atenuando algumas doenças ou transplantes que não se chegam a efectuar por falta de doadores.


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