Aureus

Com este blog pretendo mostrar os últimos acontecimentos científicos, de maneira a ficarmos à par do que pôde ser feito pelos científicos neste momento, e dos últimos descobrimentos, e ao mesmo tempo oferecer curiosidades, engraçadas ou simplesmente esquisitas, do âmbito da ciência. Isto sempre numa linguagem acessível para todos, sem grandes complicações.
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10 de maio de 2009

Trilobites gigantes em Portugal


Trilobites no museu de Arouca. Clique para ampliar.

Uma equipa internacional de paleontólogos, encontrou uma jazida de trilobites gigantes numa pedreira em Canelas, perto de Arouca (distrito de Aveiro). 

As trilobites são artrópodes marinhos que viveram exclusivamente no Paleozóico, uma vez que surgiram no inicio deste, no Câmbrico, e extinguiram-se durante a grande extinção massiva de fins do Permiano, junto com 96% das espécies animais marinhas e 70% dos vertebrados terrestres.

O seu tamanho habitual não costuma ultrapassar os 10 centímetros de comprimento, mas os que encontraram agora nesta pedreira excedem os 30 cm e alguns até ultrapassam os 70, o que os converte nos maiores fósseis de trilobites encontrados até a data. 

Segundo o coordenador da equipa, Juan Carlos Gutierrez Marco, aquilo que é excepcional neste descobrimento são os exemplares adultos, completos e articulados, para além do tamanho dos fósseis.

Este grande tamanho deve-se, segundo alguns investigadores, ao fenómeno conhecido como gigantismo polar, e já observado noutros grupos de invertebrados: Em zonas muito frias, e com pouco oxígeno, ficam favorecidos o aumento de tamanho e a diminuição do metabolismo. Há que ter em conta que durante o Ordoviciano, época à que pertence esta jazida, esta zona estava situada no planeta muito perto do que nessa altura era o pólo Sul (que correspondia aproximadamente ao actual Saara).

Segundo Gutiérrez Marco, as flutuações no oxígeno puderam matar e conservar muitas trilobites, surpreendidas durante a época de muda e de acasalamento, altura na que, segundo Artur Sá, co-autor da investigação, e por comparação com artrópodes actuais, deviam juntar-se em grupos numerosos, não só para acasalar mas também para se defenderem dos predadores enquanto a sua nova carapaça não era suficientemente rígida.

As mortes de muitos indivíduos juntos e a excelente conservação dos fósseis, permitiu aos investigadores identificar hábitos e peculiaridades da vida dos trilobites, até ao ponto de que Gutiérrez Marco chegou a classificar a jazida como uma Pompeia submarina.

Esta investigação foi publicada no último número da revista Geology, e a equipa, coordinada pelo investigador do CSIC Juan Carlos Gutierrez Marco, conta também com Artur Sá, co-autor do artigo e paleontólogo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Manuel Valerio, proprietário da pedreira e fundador do Centro de Interpretação Geológica de Canelas no Geoparque Arouca, integrado na rede europeia de geoparques da UNESCO, Isabel Rábano, do Instituto Geológico y Minero de España, e Diego García-Bellido, do CSIC.


1 comentário:

  1. Que fixe
    Estou a fazer um trabalho sobre as trilobites, adorei este site!
    Muito bom!!!

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