Aureus

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19 de março de 2009

Golfinhos: Navegação por sonar em estéreo


Golfinhos, belugas e cachalotes têm sonar. E em duplicado.

Os biólogos há já muito tempo que sabem que os odontoceti, ou baleias com dentes, um grupo que inclui os cachalotes, belugas ou baleias brancas e golfinhos, navegam e caçam utilizando um sonar.

Até há pouco, os biólogos achavam que o sonar que utilizavam era como um par de faróis: trabalharia na direcção à que estivesse dirigida a cabeça. Mas em 2008, Patrick Moore, do Space and Naval Warfare Systems Command, um centro de investigação da marinha dos Estados Unidos em San Diego, Califórnia, junto com alguns colegas, descobriram que os golfinhos-comuns (Tursiops truncatus , o Flipper da serie de TV) podem varrer por ecolocalização uns 20º para qualquer um dos lados sem mexer a cabeça, mesmo que não pudessem determinar como conseguiam faze-lo.

A teoria agora desenvolvida postula que estes animais produzem dois sons, separados por um pequeno intervalo de tempo, o que lhes devolveria frequências diferentes para diferentes localizações espaciais, por causa das interferências nas ondas de som.

Assim, segundo o biólogo marinho Marc Lammers, do Hawaii Institute of Marine Biology da universidade do Hawaii, Kaneohe, os golfinhos e os seus parentes próximos poderiam utilizar o som para navegar direccionando o seu sonar mediante a fusão de dois pulsos conjuntos. É o equivalente acústico de mexer os olhos sem mexer a cabeça, indica o biólogo. 

Reforçando esta teoria, vai ser publicado um estudo neste verão, em Biology Letters. Este estudo, de Lammers e Manuel Castellote, do L'Oceanogràfic aquarium de Valencia, España, demonstra, colocando vários hidrófonos numa piscina com uma beluga, que ela emite dois pulsos de sonar, em intervalos de menos de um segundo de separação.

Os estudos anatómicos já tinham revelado que os odontoceti têm dois geradores de som ou lábios fónicos, como os baptizaram, mas não se sabia se os usavam alternativamente ou em simultâneo. Agora chegou a resposta: usam-nos consecutivamente, o que lhes permite ampliar a zona explorada.

Lammers especula também que os golfinhos desenvolveram esta capacidade de dirigir os seus pulsos sónicos como uma forma de ampliar o seu campo de visão acústico: Muitos dos golfinhos não podem mexer o pescoço, diz, e este sentido poderia lhes permitir “olhar” sem ter que reorientar os seus corpos inteiros

Lee Miller, um grande conhecedor dos biosonares da University of Southern Denmark, diz também que a orientação do feixe pode ser exclusiva das baleias dentadas. Os morcegos, que também utilizam o sonar para se orientarem, não deveriam estar em condições de faze-lo, diz, porque só têm um gerador de som: as suas cordas vocais.

Ver mais em Science.

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